20 de dez. de 2013

Sete Dias

Segundo Dia 
A sensação de ter Max ao meu lado era boa. Sim, ao meu lado. Ele acabou dormindo aqui depois de me colocar para dormir. Tudo nem, falando assim até parece que sou uma pirralha, só sou quatro anos mais nova do que ele. Razão por qual minha família o baniu de casa.
Mas Max é um cara legal. Ele é descolado. E gosta de me fazer dormir.
Ele não ronca, tem tatuagens e usa óculos de grau (o que eu acho um verdadeiro charme).
Fechei os olhos novamente e me relembrei de tudo o que acontecera ontem.
Eu liguei para ele. Ele me atendeu. Conversamos por alguns minutos, expliquei que estava sozinha, ele veio no segundo seguinte. Quando ele apareceu eu estava na cozinha, totalmente desprevenida, tomando leite quente.
Eu senti sua mão gelada tapando meus olhos e quase larguei o copo. Agora você me pergunta, como ele entrou sem eu perceber, e eu lhe respondo: Max não é normal. Ele deve ter escalado a árvore perto da janela do meu quarto e entrado pela janela mesmo.
Mesmo depois do susto, o abracei e ficamos nos beijando o dia inteiro. Porque é isso que a gente faz quando se encontra, se beija. Porque eu ainda não estou pronta para perder minha aquilo e ele é compreensivo comigo. E depois, quando ele me coloca para dormir, ele vai embora antes que eu acorde. Fazia tempo que ele não me colocava para dormir (desde que ele foi banido aqui de casa), e eu sentia falta disso. Mas dessa vez, ele superou todas as outras.
Ele acordou e ficou me olhando e eu fiquei o encarando também.
Aí a campainha tocou e eu me preparei para me levantar, mas Max segurou meu braço.
- Não vai não, Beatrice.
Por um momento eu quase cedi, mas então de repente me lembrei do Bieber.
- Eu tenho que abrir. E você tem que se esconder.
- Por quê? – ele juntou o cenho.
- Porque minha mãe mandou meu vizinho vir me vigiar. Se ele te descobrir aqui eu estou ferrada.
- Mas ele sobe aqui no seu quarto?
- Não!
- Então eu posso ficar quietinho aqui até que ele vá embora...
- Você tem a delicadeza de um elefante, não. – disse ajeitando o meu cabelo em um rabo de cavalo.
- Então onde eu fico?
- No meu closet, sei lá. – dei de ombros e fechei a porta.
Assim que desci as escadas até a sala de estar, abri a porta. Justin estava com um casaco de neve preto e um cachecol vermelho enrolado no pescoço. Ele estava com uma roupa bonita considerando que ele é um menino, mas a carranca estragava o visual.
- Bom dia. – disse a ele vestindo minha cara de pau.
Boa tarde. – ele corrigiu e entrou na minha casa.
- Como foi ontem? – ele perguntou.
Tentei parecer indiferente, mesmo sabendo que ontem foi maravilhoso por Max estar lá.
- Normal.
- Ah. – ele disse. E em seguida pegou seu celular. – Posso usar seu computador?
Meu computador fica no meu quarto, e no meu quarto está meu namorado... Não!
- Espera aí, acho que meu celular está tocando. – disse para ganhar tempo.
- Sério? Não ouvi nada.
Fingi que não ouvi e corri lá para cima. Procurei Max no meu quarto e não o encontrei. Por incrível coincidência meu celular tocou.

Ligação on
- Oi mãe. – disse com meu tom mais gélido do que a neve.
- Oi querida, está tudo bem? – ela disse e eu pude ouvir o sorriso em sua voz. Ouvi as galinhas cacarejando ao fundo e o barulho de tratores que passam perto da casa da minha avó.
- Não, não está.
- Por que não? Ai meu Deus, você se machucou? Está tendo dificuldades em alguma coisa? Quer que voltemos mais cedo? – disse aceleradamente.
- Não mãe, não foi nada disso.
- Então me conta, o que foi que aconteceu? – quase pude visualizar seu semblante preocupado emoldurado pelas duas tranças caipiras que ela faz na fazenda.
- Você não me disse que o Bieber ia me vigiar! – rosnei.
- O Justin?
- É ele mesmo, ou você também pediu para que os outros familiares dele viessem me vigiar?!
- Filha ele te fez alguma coisa?
Você me fez alguma coisa! Você não confia em mim!
- Ah! Ainda bem – ela suspirou aliviada – sabia que o Juju não faria nada para você. – Juju? Que merda de apelido é esse?
- Mas mãe você não confia em mim? – perguntei com vontade de chorar. Não de chorar por estar triste, mas de chorar por raiva.
- Claro que eu confio Beatrice, senão eu não te deixaria sozinha em casa.
- Mas você não deixou! Tem um Bieber me vigiando!
- Beatrice, qual é o seu problema com os Bieber? Eles são os melhore vizinhos que já tivemos. Ou vai me dizer que você gosta da Dona Lurdes?
- Não muda de assunto. – reclamei.
Ficamos em silêncio por alguns segundos.
- Tudo bem. – ela disse – E o que você quer que eu faça?
- Que você me deixe sozinha!
- Beatrice não. Você sabe que o que estou fazendo é muito, te deixando em casa sozinha. – já ia protestar que eu não estava sozinha, mas ela prosseguiu – Você só tem 16 anos. É muito nova e eu já estou quase me arrependendo dessa decisão. Esse seu melodrama talvez mostre que você não está preparada para assumir responsabilidades.
Não rebati. As palavras foram como um soco no meu estômago.
- Beatrice, tenho que desligar agora.
- Ok. – falei em um fio de voz.
- Não implique com o Justin, ele é um garoto legal. Eu te amo. – disse e desligou o telefone. E eu?
Bom, eu fiquei com a maior cara de tacho (para não dizer outras coisas) olhando para a parede branca do meu quarto.
E depois, em um segundo, Justin tinha se materializado na porta.
- Está tudo bem?
- Está.
- Posso usar o computador?
- Pode. – disse em um fio de voz com medo de que Max ainda estivesse no meu quarto. Saí e desci para a sala. Minutos depois Justin também desceu com uma cara nada pacífica. Que ele não tenha encontrado Max, que ele não tenha encontrado Max...
- McDonald, o que é isso? – ele estendeu um celular preto na minha direção. O celular de Max. – Alguém esteve aqui? 
------
Oi! Tudo bem com vocês? 
Bom, ta aí o segundo capítulo - ou dia.
- 5 comentários? 
Beijos, 
Audrey. 

7 comentários: