29 de dez. de 2013

Sete Dias

Quinto Dia
- Não. – disse assim que partimos o beijo. Justin me olhou com uma interrogação na cara, mas com um sorriso tímido. Um sorriso tímido lindo, não posso deixar de comentar. O dia já estava amanhecendo, o sol invadindo o quarto e banhando seu rosto. Tudo estava lindo, senão fosse minha boca gigante. – Isso não é certo.
- O que não é certo? – ele sussurrou.
- Esse negócio de nos beijarmos. – disse – Você não gosta de mim e é errado. – conforme ia falando minha voz ia diminuindo o volume.
- Quem disse que eu não gosto de você? – ele falou baixo novamente, o que deixava sua voz ainda mais rouca.
- Está escrito na sua testa.
Ele passou a mão pela mesma, como se tentando apagar alguma coisa que realmente estivesse escrito. Revirei os olhos.
- E além do mais você tem uma namorada! – lembrei de repente.
- Eu tenho? – perguntou confuso.
- Sim, você tem. – disse com meu olhar faiscando para a cara de desentendido dele – Me empresta seu celular.
Ele hesitou por um segundo, mas me entregou. No descanso de tela visualizei a foto que vi em um desses dias. Do Justin beijando a bochecha de uma mulher mais velha, baixinha e com os olhos verdes. E muito, mas muito, mais bonita do que eu.
- Ela. – apontei em tom de acusação.
- Ela é minha mãe. – Justin disse sem paciência.
Eu não fiquei com apenas com vontade de afundar meu rosto no travesseiro, eu realmente afundei.
- Ela é bem jovem. – comentei.
- Ela é a minha rainha. – Justin disse, sorrindo para a foto.
- Nunca a tinha visto antes.
- Eu moro com meu pai e com a namorada dele. – ele deu de ombros e vi que ele precisava mudar de assunto. Não sei como, apenas vi.
Fiquei encarando ele, em busca de algo que respondesse o por que da tristeza ainda permanente em seus olhos que hoje de madrugada – quase manhã – estão mais escuros. Ele também me olhou e cara, eu senti aquele negócio de novo. Eu ia ter uma parada cardíaca, por qual outro motivo meu coração estaria batendo tão rápido? Mas nos beijamos de novo. Dessa vez um beijo com urgência, que era feroz e ao mesmo tempo triste. Que me lembrava – de um jeito sobrenatural – despedidas. Seria errado eu dizer que não gostei, mas ainda mais errado se eu dissesse que amei.
- É... – comecei a dizer, mas fui silenciada por Justin. Ou melhor, pelo dedo dele. E eu não fiquei com vontade de mordê-lo, como faria em outra ocasião.
- Não é totalmente errado. – ele disse.
- É sim... – disse baixo.
- Não é quando uma pessoa gosta. Aí passa a ser meio errado. – ele parou por um momento – Ou meio certo.
Fiquei olhando para meus dedos. Eram tão mais fáceis de encarar do que Justin.
- Eu não queria que fosse desse jeito – ele continuou – Eu queria que tudo fosse diferente. Que você não me beijasse só porque está com o coração partido... Eu não deveria deixar isso acontecer, mas foi a minha única chance. – ele disse de cabeça baixa – Desculpa.
Fiz que sim com a cabeça, embora eu não entendesse direito por que ele estar pedindo desculpas.
- E quando eu me referi a o meio certo, ou meio errado... Só é meio porque eu gosto de você. E eu não sei se “gosto” é suficiente para dizer o que sinto.
- Não é possível... – sussurrei com a mão na boca.
Todas as vezes que o via eu sentia uma raiva imensa. Como ele conseguia ser tão fabuloso? Não era justo com pessoas normais. E também não era justo ele não reparar em mim naquela época.
Mas ele reparava.
- Eu também gosto de você. – a voz saiu entrecortada, em tom baixo, quase que ele não escutou.
E nós nos beijamos. Uma coisa curiosa a respeito de Justin era que ele me tratava como se eu fosse de porcelana, que pudesse quebrar a qualquer momento. Mas eu não tinha esse cuidado. Eu passei a mão por trás de sua nuca e juntei mais nossos corpos. O beijo não era mais calmo, era com urgência. Justin apertou minha cintura, e eu segurei seu cabelo.
E paramos por falta de ar.
- Cara eu gosto de você  demais. – disse sem fôlego.
Ele sorriu e eu repousei minha cabeça em seu peito. O coração dele também batia rápido e sem querer eu dormi.
Gosto de sonhos, mas agora prefiro minha realidade.
Depois...
Acordei e levantei rápido, o que me fez ficar um pouco tonta. Flashes de ontem inundavam a minha cabeça e eu sorria. Minha cabeça latejava um pouco, mas eu não me importava. Foi perfeito.
Só seria mais perfeito se Justin estivesse aqui, do meu lado. Aliás, onde ele se meteu?
Olhei pela janela e vi menos neve do que ante. Melhor assim.
Quando fui para a cozinha, abri os armários em busca de alguma coisa boa (queria que houvessem menos coisas orgânicas), Justin me abraçou por trás e deu um beijo no meu pescoço. Estremeci de leve e ele riu baixinho.
Ele pegou minha mão (é normal levar choques ao tocar em alguém? Pior, é normal gostar disso?) e me conduziu até a copa. Lá estava um café da manhã digno de gente rica. O que não é meu caso.
Sentamos e eu reprimi a vontade de me jogar em cima da comida. Bolo, ovos, bacon (que é uma das paixões de minha vida) e Justin – que de vez em quando dá vontade de morder.
Peguei um pedaço de bolo e ele me fitou.
- Quer Justin? – ofereci.
- Não só estou te observando. O jeito como você se movimenta é lindo.
Ok, Justin é louco. E eu gostei de ouvir isso.
Eu sorri e ele continuou me encarando. Mas que raios. Eu odeio que me observem comer (porque convenhamos, não é a coisa mais bonita de se ver e eu preciso de um babador), me deixa sem graça. E depois eu sempre deixo alguma coisa me sujar, ou cair no chão. Agora com Justin me observando é pior. Porque ele vai achar que eu como demais. E minha mãe disse que se eu continuasse comendo desse jeito eu ia morrer sozinha.
- Para Justin. – disse vendo que eu não conseguiria fazer nada com ele me observando.
- Parar com o quê? – ele perguntou, realmente sem ter ideia do que estava fazendo.
- De não comer. Não gosto de comer sozinha.
Ele riu.
- Eu já comi.
Peguei um pedaço de bolo no garfo e direcionei até a boca dele. Ele comeu e depois de muita insistência começou a comer comigo. Se uma pessoa come bastante, essa pessoa não é Justin. Porque ele come o dobro.
Então ele começou a rir, do nada.
- Que foi? – perguntei.
Ele nada disse e se inclinou na minha direção. Passou o dedo de leve, no canto esquerdo da minha boca.
Dizem que frisson é uma sensação intensa. Um arrepio. Uma agitação da alma. Era isso que eu sentia quando encontrava os olhos de Justin.
Então nos aproximamos devagar, e já podia sentir a respiração quente dele bater contra meu rosto e depois...
A campainha tocou.
Nos afastamos depressa, com as bochechas quentes.
- A neve já derreteu? – perguntei um pouco depressa.
- Sim. – ele disse.
Isso era bom. Odeio neve. Mas era irremediavelmente ruim. Eu não teria mais que ficar com Justin 24 horas. E isso me dava um aperto no coração. Porque eu só o veria uma vez por dia. Tudo bem, eu estou sozinha em casa, mas mesmo assim. Se nem eu mesma me aguento por que ele aguentaria?
Ele me ama.
Mas eu também me amo e não me aguento.
Droga de pensamentos!
- Você não vai atender? – ele perguntou.
Eu não queria atender. Porque eu tinha certeza que eu pularia no pescoço de quem quer que esse inoportuno fosse.
- Quer que eu atenda? – ele perguntou um pouco preocupado.
- Pode ser. – disse por fim – Diga que eu estou tomando banho.
Ele assentiu e foi em direção a porta. Eu respirei fundo e afundei meu rosto em mãos. Fui para meu quarto correndo – mas antes peguei um bacon porque ninguém é de ferro.
Peguei um moletom rosa que eu amo, dos Lakers, uma calça jeans nova e um tênis all star, preto clássico. Era uma roupa que eu amava, que eu demorei para escolher (tendo em vista que quase sempre pego a primeira coisa que vejo) e que eu esperava que desse a impressão de despretensiosa.
Olhei no espelho antes e quase tive um treco. Justin me beijou, abraçou e tudo mais comigo daquele jeito?
Tomei meu banho escaldante e me arrumei correndo. Tudo isso em cinco minutos. Passei um gloss meio rosado e desci as escadas.
Um silêncio mortal foi quebrado por causa do barulho dos meus pés na escada de madeira.
Meu sorriso se desfez ao ver quem estava na soleira da minha porta.
Justin o encarava com fúria e eu quis me enterrar nas cobertas para nunca mais ter que sair.
O dia estava tão bom que eu havia esquecido dele.
Max. 

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Oi! Gente, voltei de viagem! Como foi o Natal de  vcs? O meu foi passado em um restaurante e tinha um gringo do meu lado que estava sozinho. Fiquei com dó :( Eu pensei que tinha programado essa fic para acabar no dia 25, mas deixei tudo como rascunho... Aí quando fui conferir o blog, vi que não haviam essas postagens e eu não conseguia acessar de lá. Desculpa!
E valeu Ally por postar! \o/ - sem ela vcs não teriam capítulo!
Estava com saudades!
- 5 comentários? 
Beijos, 
Audrey!

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