21 de set. de 2014

Trust Me - Capítulo III - Acordo




ACORDO

Pegamos o carro mais popular para irmos até o endereço. Era um bairro bem movimentado e de classe média, se aparecêssemos com uma R8 ou um Audi chamaria muita atenção. Eu peguei meu Ford que foi um dos meus primeiros carros, fazia séculos que não o usava, mas simplesmente não podia me desfazer dele. Ele tinha um significado para mim, meu pai me deu quando ainda era vivo. Eu usava o Ford para ir à faculdade quando ainda tinha interesse em ingressar em um emprego civil.
Estacionamos e eu mantive os vidros pretos do carro levantados. Primeiro precisaríamos observar o bairro e ver se ninguém iria entrar na casa. Era uma casa relativamente pequena, ela ficava mesmo era no segundo andar, o primeiro era a garagem onde no notebook indicava que estava o carro do ladrão. A porta da garagem estava fechada e na lateral tinha uma escada que levava até a porta de casa no andar de cima. Por fora a pintura da casa era azul e branca e estava descascada e velha.
Cerca de meia hora depois que chegamos vi um homem branco de cabelo castanho médio se aproximar da casa. Ele usava uma calça jeans e blusa branca. Subiu a escada de madeira e entrou na casa nem problemas. Então a porta estava aberta facilitando meu trabalho. No carro estávamos armados até os dentes. James segurava duas metralhadoras em volta do corpo. Eu levava duas HK USP (Match) na cintura. Katrinna trazia um fuzil e uma HK G3-A3. Alanna tinha um Walther MPL e uma HK MP5 A2. Eu não gostava muito de armas grandes, minha arma favorita era a que eu levava comigo a HK USP.
Confesso que a espera estava me deixando louca naquele carro. Minha bunda começava a doer e eu comecei a ficar inquieta. Cerca de quatro ou cinco horas depois decidimos agir. Foi quando a rua ficou o menos movimentada possível. Contei até três e nós quatro saímos do carro e as poucas pessoas que estavam na rua nos olharam assustadas por conta das armas. Pelo tempo que ficamos ali não tinha mais que duas ou três pessoas dentro da casa. Subimos a escada e entramos na casa com brutalidade chutando tudo que vimos pela frente. Ouvimos vozes e a seguimos até uma sala que eu reconheci logo como um escritório. Empurrei a porta com toda a força da minha perna e peguei minhas armas na cintura apontando para os dois caras na minha frente.
Os dois levantaram as mãos instantaneamente. Eles estavam assustados e confusos. O que estava em pé eu reconheci sendo o cara que entrou horas antes na casa. Olhei para o que estava sentado atrás de uma mesa, quando ele olhou nos meus olhos eu o reconheci. Reconheci aqueles olhos. Fui para cima dele e coloquei meu pé encima de uma das pernas dele e coloquei a arma destravando-a apontada na cabeça dele. Aproximei meu rosto do dele o suficiente para sentir a respiração acelerada dele no meu rosto.

- O mundo é pequeno mesmo não é? – disse a ele que me olhava agora sem expressão. – Cadê o meu anel?
- Eu não sei do que você está falando. – passei a arma para a garganta dele levantando seu rosto. Levantei meu tronco para encara-lo melhor.
- Ah não? Então me deixe refrescar sua memória. – dei uma pancada na cabeça dele com a arma. – Lembrou agora?
- O anel não está aqui ok? – ele fez uma careta por conta da dor.
- E o que tem dentro do cofre? – disse e atirei no quadro que tinha parede a minha direita.
- O anel não está ali. – disse com dificuldade. Peguei-o pelo colarinho da blusa e o levei até o pequeno cofre batendo a cabeça dele na parede.
- Abra. – ele protestou, mas eu bati com a cabeça dele novamente na parede e ele rangeu os dentes em dor. – Se você não abrir por bem, eu vou bater tanto com a sua cabeça nessa parede que você na melhor das hipóteses tenha apenas uma amnésia e na pior um traumatismo craniano. Mas uma coisa eu te digo, você vai abrir esse cofre. – ele continuou quieto sem se mexer. – Abra o cofre. – ele não se mexeu e eu taquei a cabeça dele de novo na parede e ele gritou de dor.
- Ok, eu vou abrir, mas não tem nada aqui. – ele digitou os números e o cofre abriu e lá só tinha dinheiro, uma arma e um pequeno saco de maconha. Mas nada de anel.
- Não tá aqui. – disse ao pessoal.
- Eu disse.
- Eu quero meu anel moleque. – disse irritada colocando a arma na cabeça dele novamente.
- Eu posso levar para você, onde você quiser. Só me dizer hora e lugar. Eu juro que eu levo.
– Não brinque com a sorte, hoje mesmo eu quero o anel em minhas mãos ou você não vai mais pertencer a esta terra. – disse saindo de perto dele deixando-o no chão. – Me encontre no Galho Quebrado ás uma da manhã. É bom você aparecer mesmo e não tente nenhuma gracinha, lá é a minha área. Vamos. – disse saindo e Katrinna ficou por ultimo dando cobertura para nós.

Entramos no carro e eu dirigi até minha casa que era praticamente do outro lado da cidade, na área nobre. No carro ninguém disse nada e eu também não queria ouvir nada de ninguém. No Galho Quebrado as coisas se resolveriam. Os seguranças barraram o carro pelo fato de ser muito simples. Abaixei o vidro e assim que o segurança chefe me viu abriu os portões e eu estacionei na entra mesmo. Entramos na minha casa e Dorotéia deixou um caso de porcelana cair no chão pelo susto tomado por conta das armas.

- Desculpe Cherry. – ela disse aflita.
- Tudo bem, só limpe. – me joguei no sofá.
- Acha que foi boa ideia deixar ele para entregar no Galho Quebrado? – perguntou Alanna com sua feição duvidosa.
- Eu tenho certeza que o anel não estava lá e…
- Eu sempre confio no que você julga Cher, você sempre acertou, mas acho…
- Se confia porque está contradizendo? Alanna ele não vai poder armar nada no Galho, lá é nossa área. Ele não conhece com certeza, esse cara é novo nisso. – tentei ser o menos rude possível. Uma dor de cabeça forte tomou conta.
- Crianças eu acabei de fazer o almoço, ainda bem que fiz bastante. Venham comer, colocarei a mesa. – todos levantaram inclusive eu, de repente eu fiquei com fome.

Dori colocou os pratos a mesa e nos sentamos. James sentou ao meu lado e Katrinna e Alanna a nossa frente. Dori serviu os pratos com arroz e feijão e colocou uma carne assada com batatadas no centro da mesa e em outra travessa uma salada.

- Comam bem crianças. – ela disse saindo.
- Coma conosco Dori. – pedi a ela, eu não me importava em que ela comesse com a gente, na verdade Dori sempre comia comigo e eu achava ridícula essa história que o empregado não podia comer com o patrão.
- Ah, não querida. Tenho que fazer algumas compras no mercado, estão faltando muitas coisas e eu estava adiando essa visita ao supermercado, mas agora não tem jeito. – ela deu tchau a todos e saiu pela porta da cozinha.


Foi um almoço agradável e risonho. Eram poucas às vezes em que realmente comíamos juntos. Não me lembro de quando foi a ultima vez para ser sincera e não me lembro de ter ficado tão feliz e rido tanto. Serviu para espantar todos os fantasmas da minha mente. Deixamos tudo na pia e as meninas foram para a sala de jogos enquanto eu só queria dormir na minha cama fofa e confortável. Entrei no quarto e fui logo tirando a roupa e guardei minhas armas debaixo da mesa que tinha no canto do quarto. Entrei no banheiro e coloquei a água no quente. Deixei a água cair nos meus ombros relaxando os músculos. Decidi não molhar os cabelos já que iria dormir.
Coloquei apenas um conjuntinho de flanela de cor dourada e cai na cama com tudo. Parecia que não dormia há dias porque eu subconsciente tomou conta e eu dormi muito rápido.
No meu no meu sono, eu acordei com braços me puxando para perto de um corpo quente e grande. Sem muito controle do meu corpo apenas me deixei tomar por aqueles braços acolhedores e fortes. Meu rosto encostou-se entre seu peito e pescoço e seu cheio era familiar e gostoso. Era um cheiro amadeirado. Novamente tudo ficou preto na minha mente.



“Cher acorde já passa das oito.” Uma voz masculina me chamou. Mas dormir parecia bem melhor do que escutar essa voz. Geralmente eu não dormia como uma pessoa normal, eu já cheguei há passar quatro dias em claro. Dormir sempre foi um privilegio não concebido a mim, por isso sempre que podia dava uma cochilada, por isso era tão importante. “Cher meu amor, levante, temos muito que resolver.” Dessa vez a voz veio mais alta me fazendo abrir os olhos e me deparar com outros olhos, olhos verdes como esmeraldas.

- O que houve? – perguntei tentando me manter alerta.
- Está dormindo desdás duas da tarde, já passa das oito agora. As meninas já armarão uma forma de nada dar errado, tivemos que pedir alguns reforços. – James beijou minha testa. Acho que agora seria uma boa hora de falar sobre a nossa relação.
- James. – chamei-o. Sentei-me melhor na cama para encara-lo. – Eu queria fala com você sobre… o que você me falou naquele dia no galpão. – eu o olhava com atenção e vi-o suspirar.
- Cher se você não me quer…
- Eu acho que podemos ir com calma. – subi um pouco o tom de voz para interrompê-lo e ele me olhou sem expressão. – Eu acho que devemos apenas deixar as coisas acontecerem. Eu gosto muito de você James, gosto mesmo. Mas não quero simplesmente falar “aceito namorar você” se realmente não quero. Entenda que eu tenho minha liberdade há muito tempo, vivo minha vida sem dar satisfação a ninguém e isso vai ser uma transição para mim. – foi tudo o que eu consegui dizer, ele estava sem reação nenhuma no rosto apenas me olhava. Quase pensei que ele ia me atacar a qualquer momento. O silêncio ficou vergonhoso para mim. Quando estava prestes a levantar e entrar no banheiro e o mandar esquecer tudo o que eu falei, James me agarrou me abraçando. Caímos na cama.
- Eu só quero uma chance com você Cher, é tudo o que eu preciso. – ele beijou meu pescoço e me olhou.
- Mas vamos com calma, não vem achando que é meu dono não. Não tenho que dar satisfação sempre que vou a um lugar.
- Eu não ligo desde que você esteja comigo. Eu não ligo Cherry. – ele me beijou com sua língua invadindo minha boca.
- Seu nojento, eu acabei de acordar. – fiz cara de nojo.
- Eu não ligo Cher. Vem cá me dar um beijinho. – James ficou balançando a língua como se estivesse lambendo um sorvete.
- Sai daqui, me deixe levantar. Vou tomar banho. – levantei e fui andando em direção ao banheiro.
- Então acho que vou também. – ele levantou indo em minha direção começando a tirar a blusa, mas parei-o.
- Não, não, não. Não vai não. Você vai até a cozinha me trazer um copo enorme de vitamina de morango. – disse empurrando ele para fora do quarto. – Peça a Dori ela vai adorar que você peça a ela para me trazer uma vitamina. – ela ia mesmo gostar, já que eu era uma menina irresponsável que não cuida da própria saúde e blá, blá, blá.

Tomar banho depois de uma transa é gostoso, mas quando acaba de acordar é um pesadelo. Não eu não gostava, qual é, gosto de fazer minha higiene sem ninguém me olhando. Foi um banho rápido apenas para acordar, uma das maravilhas que se faz quando acorda é escovar os dentes, meu deus, não á coisa melhor. Sai de toalha indo para o quarto e James já estava lá com uma bandeja em mãos, ele tinha acabo de entrar no quarto.

- Oh meu bem, que recepção calorosa. – disse olhando para a toalha em volta do meu corpo. Dei língua a ele e entre no closet. Peguei uma calça jeans preta e uma camiseta vermelha, vesti e coloquei um coturno e depois uma jaqueta preta. – Preferia você com o outro figurino. – James disse assim que voltei ao quarto.
- Você está engraçadinho hoje James. – cruzei os braços e colocando o peso em uma perna só.
- Estou feliz. Pela primeira vez em anos. – sorri. Ele me chamou até a cama e colocou a bandeja no meu colo. – Dorotéia disse que você precisa comer e beber tudo. Ela também me falou rapidamente que você não vem se alimentando direito. Quer falar sobre isso? – ele me olhava atentamente.

Na bandeja tinha umas torradas, minha vitamina de morango, geleia de amendoim e uma maçã. Peguei uma torrada e passei um pouco da geleia e mordi. Bebi um pouco de vitamina e voltei a olha-lo.

- Não é nada demais James, Dori que é chata mesmo. Para ela tenho algum transtorno alimentar. – disse somente comendo mais da minha torrada deliciosa.
- E você tem? – ele me olhava duvidosamente e me avaliando se me pegaria em uma mentira.
- A não ser que exista um transtorno sobre pessoas que só querem comer besteiras, não eu não tenho. – dei uma longa golada na vitamina de morango.
- Então é só uma adolescente teimosa? – ele riu de mim.
- Ah, por favor. Tenho 24 anos muito bem distribuídos. Não querendo me gabar, mas o tempo está á meu favor. – comecei a comer outra torrada com geleia de amendoim.
- É você é uma coroa dando caldo. – ele começou a rir e eu joguei a maçã nele. – É melhor não ficar me tacando sua comida, terá que comer tudinho, amorzinho. – sorriu sínico.




Já estávamos saindo de casa, dois furgões com equipamentos e armamento. Katrinna estava no telefone com alguém que já estava no Galho Quebrado. Alanna estava digitando freneticamente no computador e James estava mexendo nas armas colocando-as no ponto. Apenas eu não estava fazendo nada. Todos pareciam tão concentrados no que estavam fazendo, Katrinna falava severamente no telefone, Alanna ficava com os olhos rodando de um lado para o outro na tela e James… bem agora ele me olhava. Estava parada no meio da sala apenas observando todos e vendo o quanto imprestável sou.
James me chamou com um movimento com a cabeça e eu andei até ele que sorriu. Colocou três armas na minha frente e ficou me olhando. Isso me fez voltar anos na minha vida, quando eu nem sabia segurar uma arma.

– Escolha uma arma. – James disse no meu passado.
- Para que? – questionei assustada com o tamanho das armas.
- Vou te ensinar a atirar. – disse me olhando seriamente. Naquela época James me dava medo, sempre sério e quase nunca via seus dentes. Ele quase nunca sorria.
- Eu não quero…
- Não tem que querer. Você tem que aprender se não vai morrer. Isso não é um jogo que você tem vidas, ou pode reiniciar. Não é como na escola que se você errar hoje pode tentar de novo amanhã. – ele pausou e respirou fundo. – Preste atenção. Você escolheu essa vida Cher, e nessa vida você tem que saber atirar. Nessa vida terá que matar e machucar pessoas porque se não fizer, eles fazem com você. Terá que mentir e não confiar em ninguém.
- E porque devo confiar em você para me ensinar a atirar? Quem me garante que não irá me matar ou ensinar errado? – ele sorriu amostrando toda a carreirinha de dentes brancos. E acho que foi bem ali que me senti totalmente atraída por James.
- Não deve, não confie. Vai ter que jogar com a sorte e ser esperta. – ele pausou e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto. – Mas… eu nunca conseguiria atirar em você. E não deixaria você inofensiva para ninguém. – ele selou meus lábios. Afastei-me assustada. James deu uma leve risada.
- Escolha. – ele se referia as armas. Olhei-as e peguei a que era menor e parecia menos inofensiva e mais fácil de manusear. Ele soltou um risinho. – Atire.

Respirei fundo e mirei a arma para o alvo que era um boneco. Nele tinha números pintados de tinta vermelha na cabeça e no peito. Respirei fundo e contei mentalmente até três e atirei fechando os olhos. O impacto da bala saindo da arma me fazendo ir um pouco para trás e erra o alvo.

- Coloque um pé na frente e um pé a atrás. – ele veio para trás de mim e ergueu meus braços novamente. A mão que não estava segurando a arma ele colocou em baixo da outra. – Mantenha seus braços firmes e mire passando apenas um pouco do ponto. E nunca, nunca feche os olhos. – James apertou meu dedo no gatilho e a bala acertou bem no meio da cabeça do boneco. Logo ele afastou seu corpo do meu e aquilo não me agradou muito. – Repita isso o máximo que conseguir. Está vendo aqueles números lá? A cada vez que acertar no ponto marcado vai acumulando dinheiro, vamos ver se consegue tirar algum centavo de mim.

Ergui meus braços e fiz exatamente o que ele tinha me dito para fazer. Mirei no corpo que parecia mais fácil. Contei até três e atirei. Ao menos tinha acertado o boneco e não a parede. Mas não tinha acertado o ponto desejado. Mirei de novo e atirei.”


O barulho do tiro em meus ouvidos me fez voltar ao atual. James ainda sorria, mas estava nervoso e me chamava diversas vezes. Balançou as mãos na frente do meu rosto e sorriu aliviado assim que pisquei e sorri.

- O que foi? – perguntei.
- Pedi para que escolhesse a arma que vou usar hoje. – ele disse me olhando estranhamente. Olhei para as armas e peguei a maior e mais monstruosa. – Estava mesmo de olho nessa.
- Eu sei você adora tudo que é grande e intimidante.
- É por isso que te adoro. – ele piscou e beijou minha bochecha.
- Vamos logo, Chris está com tudo pronto apenas nos esperando. – Katrinna disse chamando minha atenção.
- Chris? Vocês chamaram justo ele? – perguntei sem acreditar.
- Tem algo contra ele que eu não sabia? – perguntou.
- Contra ele nada, mas a vadia que anda com ele sim. Sabem o que Anne aprontou comigo.
- Não tivemos escolha, Hayden e Patrick estão em Londres e ultimamente ninguém está querendo ajudar. Não pelos velhos tempos, só ajudam se pagar e o preço está bem alto. – terei que engolir à vadia então.
- Tudo bem então, mas se ela provocar só um pouquinho ou se atravessar na minha frente não me segurem. Vamos para o carro.

Os portões abriram e eu saí com o furgão primeiro junto com o James e as duas foram no outro. O Galho Quebrado era um pouco longe e afastado da cidade. Lá era aonde acontecia os rachas e festas. Nenhum policial dava as caras lá, eles sabiam o que acontecia e rolava lá, mas não ousavam colocar o pé. Até porque os organizadores molham muito bem a mão neles. Mesmo que tenha um chamado de reclamação eles fingiam que atendiam o chamado.
Passaríamos pela cidade sem problemas e sem chamar a atenção de ninguém. Ninguém acharia estranhos os carros passando em velocidade normal, mas se tivéssemos correndo com certeza acarretaria atenção e curiosos. Sem falar que alguma patrulha com certeza seguiria a gente.
James ligou o rádio – sim tínhamos rádio no carro, às vezes era estressante ter que esperar aqui dentro e ajudava a aliviar a tensão muita das vezes. Tocava um rock dos anos 90 e James cantava como se estivesse dentro do show. Eu não conhecia muito a musica, mas nas vezes que fui a casa dele tocava essa mesma musica. Ele colocou a mão na minha perna quando paramos em um sinal vermelho. Olhei para a rua pelo vidro-fume e estava cheia de gente andando na calçada. Mães com crianças no colo e casais se beijando. Pessoas com pressa para chegar em suas casa e homens engravatados deixando suas empresas.
Pouco tempo depois chegamos ao nosso destino: Galho Quebrado. Eu nunca descobri porque tinha ganhado esse nome. Disseram-me que é porque do alto de um helicóptero quando se olha para cá tem um formato de um galho quebrado. Mas se isso é evidente até hoje eu não sei.
Katrinna e Alanna desceram primeiro do carro. James desligou o rádio e desceu também. Peguei a arma no porta-luvas e coloquei no cós da calça. Desci e fechei a porta do furgão com força. Olhei em volta e vi várias pessoas ‘trabalhando’ e se posicionando. Claro todos me conheciam. Olhei e vi James me esperar na frente do carro. Andei até ele e o mesmo pegou na minha mão. Olhei para as duas juntas e olhei para ele depois.

- Algum problema em segura-la? – James perguntou.
- Não… só é diferente. Mas eu gosto. – sorri sem mostrar os dentes. Ele sorriu de volta começando a andar. Olhei o horizonte e pude ver Chris andando em nossa direção com um sorriso no rosto. Logo pude ver Anne com ele. Vadia.
- Cherry Bomb, quanto tempo. – ele disse assim que ficamos perto suficientes.
- Christian Beadles, não faz nem dois meses. – disse. – Glorioso tempo se me permite dizer, claro a culpa não é sua. – disse olhando diretamente Anne.
- O tempo continua a seu favor, se me permite dizer. – ele me analisou dos pés a cabeça como sempre. James fez um barulho como se estivesse coçando a garganta, com certeza não gostou nem um pouco da olhada do Chris. – James…
- Christian. – eles nunca se gostaram muito. O que era bem estranho, eu não gostava de Anne, mas adorava Chris e James gostava de Anne, mas não gostava de Chris. O mesmo olhou para nossas mãos dadas.
- É o que estou pensando? – eu não sabia exatamente como responder essa pergunta. Eu ia dizer que não, mas James respondeu na minha frente.
- É exatamente o que você está pensando, então é melhor não ficar muito perto. – Chris em resposta apenas riu. Eu não tinha gostado muito da resposta dele, Chris era meu amigo e podia ficar perto o quanto quisesse. Claro que eu entendia perfeitamente o perto de James.

Chris tinha 25 anos com cara de um garoto de 18 anos. Eu sinceramente não gostava de caras assim, eu gostava de homens e não de garotos. Tinha olhos e cabelo castanho. Boca fina e uma pinta perto da mesma do lado direito. Corpo atlético e definido. Anne tinha uma pele bronzeada que eu secretamente tinha inveja. Olhos escuros e cabelo na altura dos ombros em um corte meio Chanel pretos. Uma boca levemente carnuda e tinha as bochechas levemente marcadas.
Depois da breve conversa que tivemos, Chris nos levou para ver como tinha organizado tudo. Anne desgrudou dele, e era melhor assim. Eu sinceramente não estava prestando muita atenção, já James escutava tudo e debatia algumas coisas. Eu sabia o porquê disso tudo, era para me manter segura. Se algo acontecesse ele saberia o que fazer. Depois desse tour eu sentei sozinha em uma cadeira e coloquei meus pés em outra. Enfiei as mãos dentro do bolço da jaqueta e fiquei ali apenas olhando os outros fazendo algo. E mais uma vez me senti como se eu não fosse tão boa assim. Como se eu não valesse de verdade. Como se não fosse uma peça importante no jogo e sim um pião. James sentou ao meu lado e sem dizer nada e ficou olhando tudo como eu.
Naquele momento eu parei para pensar se eu podia me abrir com ele. Se eu poderia falar o que estava me incomodando. Mas logo me veio à mente o que rolou com Chris.
- Não gostei do que disse a Chris. – disse baixo.
- O que exatamente?
- Sobre ele ficar perto de mim. Ele é meu amigo James, e pode ficar perto o quanto quiser. – continuei com o tom baixo e ele suspirou.
- Cher, ele te cantou na minha frente. E você sabe que desde que se conhecem ele tem interesse em você. – ele também disse baixo.
- Mas você também sabe que não passa de uma atração idiota, porque disse não a ele. – ele não disse nada por um tempo.
- Eu sei, mas eu ia agradecer se você não ficasse tão perto dele. – agora eu quem não disse nada.
- Se eu tiver que tratar Chris diferente, você também vai ter que fazer a mesma coisa com Anne. Então como vai ser? – ele me olhou.
- Eu não vou me afastar de Anne.
- E nem eu de Chris. Viu? É a mesma coisa. Anne também dá em cima de você, mas eu não vou te privar de falar com ela, a não ser que você me prive de falar com alguém. – ele voltou a olhar o horizonte e pareceu pensar no assunto.
- Tudo bem, me desculpe. Ficara tudo como está. – ele disse depois de um tempo.
- Estão chegando, todos a seus postou. – alguém gritou.

Eu não tinha me tocado de quanto tempo tinha passado. Mas estava na hora. Levantei e fui direto à mesa peguei minha arma. Nós estávamos em uma área escondida de onde pegaríamos o ladrãozinho. Sai do ‘esconderijo’ sozinha e James estava escondido estrategicamente se caso ele tentasse atirar em mim, além de outras pessoas posicionadas nas montanhas com armas de longa distancia. Logo vi o carro azul chegando, não dava para ver nada lá dentro, pois o vidro era fume. Cruzei os braços e o carro parou perto de mim e logo a porta do motorista abriu e saiu o homem lá de dentro que eu não sabia o nome e nem tinha interesse em saber.
Ele andou até estar a dez passos de mim. Queria logo acabar com aquilo então fui direto ao assunto.

- Me entregue o anel. – ele ficou me olhando dos pés a cabeça e respirou fundo.
- Antes de eu entregar o anel, tenho uma proposta a lhe fazer. – ele colocou a mão dentro no casaco, na mesma hora tirei a arma e mirei nele. Ele parou e me olhou. Tirou devagar a mão de dentro do casaco e junto com ele o anel. – Abaixe a arma. – ele pediu e eu abaixei. – Eu lhe entrego o anel e em troca quero que me dê uma coisa.
- O que? – perguntei.
- Te dou o anel se me deixar entrar para sua equipe. – eu ouso, mas não creio no que ele acabou de falar.
- Você quer o que? – tive que perguntar novamente acreditando seriamente que tinha ouvido errado.
- Que me deixe entrar na sua equipe. – não, eu não tinha escutado errado.
- Porque eu ia te querer na minha equipe? – perguntei rindo.
- Sou eficiente, e posso ajudar. E você vai ver que vai precisar mais de mim do que eu de você. – arquei as sobrancelhas.
- Isso é uma ameaça?
- Nunca. – ele disse somente ficando quieto. Eu não iria aceita-lo na minha equipe. Não mesmo.
- Você não vai entrar na minha equipe. – disse séria.
- Então você não vai ter seu anel. – eu podia ver o desafio nos seus olhos.
- Se você não me entregar eu atiro em você. – ele sorriu.
- Se você atirar em mim, meu amigo dentro do carro atira em você. – olhei para o carro e a janela estava abaixando revelando o amigo dele que era o mesmo que estava na casa dele mais cedo.
- Se ele fizer isso vocês vão se arrepender. – eu não tinha medo de levar um tiro, apesar de nunca ter experimentado isso.
- Por quê?
- Atire e verá. Agora me dê o anel ou eu vou mesmo atirar. Mas não vou atirar para te matar, primeiro vou acertar uma artéria sua na perna. Depois se você tiver sorte eu não te mato. Então, você vai querer saber se Deus está a seu favor ou não?
- Acho que vou ter que correr o risco. – ele disse depois de um tempo. Levantei a arma e mirei na sua perna, pude ver o amigo dele se posicionando para atirar. Deixei de mirar sua perna e agora estava mirando sua cabeça. Vi um pânico nos seus olhos.
- Dê tchau para esse mundo. – quando ia apertar o gatilho escutei a sirene do carro de polícia. Logo estava vendo as luzes azul e vermelha no meu campo de visão.


Depois disso foi tudo muito rápido e confuso na minha cabeça. Foi como se tivessem me desligado completamente. Via várias pessoas correndo, homens descendo das montanhas e tentando levar tudo de volta a seus furgões. Fiquei sem ação nenhuma e fiquei parada ali só vendo a polícia se aproximar e todos correndo para seus carros. Até mesmo o homem em que antes eu mirava uma arma estava correndo para seu carro. A polícia ficou mais e mais perto até me encurralarem. O galho quebrado era um ligar sem saída. Só tinha uma saída e uma entrada e elas eram no mesmo lugar. Eu não tinha para onde fugir. Logo estava cercada de caras apontando uma arma para mim.

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Aaaaah gente vocês estão gostando mesmo mesmo?
- Dricka 

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