Era manhã de sábado e eu ainda estava tonta
quando entrei no chuveiro e deixei que aquela droga de água fria me fizesse
despertar, minha cabeça doía e eu odiava aquela sensação, sinceramente deveria
ter bebido menos na noite passada, mas não se chora pelo copo virado. Sai do
chuveiro vestindo jeans, moletom tamanho G e tênis de cano, segui para o
refeitório cumprimentando algumas pessoas que acenavam para mim e dando uns
tapas nos garotos de sempre, cheguei ao refeitório pegando algo para comer e
depois seguindo para a minha mesa , algumas conversas cessaram durante meu
curto caminho. Fiquei observando a movimentação das pessoas, vários grupos
formados em mesas cheias de conversa e risadas. Eu não sou o tipo mal humorada
e sozinha, só sou mal humorada, e vai por mim de manhã ninguém quer falar
comigo, nem mesmo meu amigo Alby, mas ele sempre fica com a namorada, Rony, que
era uma garota legal levando em consideração as pessoas com as quais ela anda.
Fui interrompida de meus pensamentos pelo barulho da velha porta metálica
batendo e logo em seguida pelo barulho de passos pesados, não precisei olhar na
direção do barulho para saber que era Duds, a diretora, que estava vindo. Ela
parou a frente de todos segurando seu gato sarnento no colo, e mascando um
chiclete assim como uma vaca come capim.
- Escutem todos – seu tom era rouco e agudo, o
que me fez pensar mais uma vez que ela era um homem. Aos poucos o barulho foi
parando e o suspiro de alivio de Duds por todos terem se calado foi um tanto
quanto alto – Hoje temos um visitante muito importante, e o que eu quero de
vocês, pestes, é que não aprontem nada. Se houver um, mesmo que minúsculo
problema, eu jogo todas as bebidas que encontrar pela frente no lixo. – Todos a
encaram com os olhos arregalados, já que aquilo era o mais importante que
tinham a perder naquele lugar – Entenderam? – perguntou ela com seu tom
superior percebendo que havia pegado na ferida de todos.
- Sim – responderam em coro. Depois de uma
arrebitada de nariz ela marchou pra fora do local e as conversas voltaram aos
poucos. Sai do refeitório e fui para o nosso pequeno galpão que na verdade era
uma espécie de sala de treinamentos, tínhamos sacos de areia, luvas de boxe, e
algumas outras coisas. Coloquei uma luva e comecei uma seção de socos no saco
de areia, gostava de pensar fiquei cerca de 30 minutos assim até que Alby
entrou no local sorrindo como um otário.
- E ai Copperfield - ele nunca me chamava de
Cecília, apenas Copperfield ou Sargento - Você anda treinando muito
ultimamente, devia relaxar só pra variar - revirei os olhos parando o que
estava fazendo e tirando as luvas.
- E você - arfei - Devia parar de ser chato,
Alby. - ele riu debochado se sentando no banco de madeira velha que rangeu ao
sustentar o peso do garoto e eu me sentei ao seu lado
- Eu sei como você me ama - ri da sua cara de
convencido. Em geral Alby era engraçado e era impossível não rir dele ou com
ele, mas caso precisasse ter uma conversa séria com alguém ele era o mais
indicado.
- O que quer comigo?
- Eu não posso, simplesmente, querer te ver? -
seu tom de indignação era visível
- Sejamos sinceros, você não desgrudaria da
Rony para vir aqui - ele sabia que era verdade. Ele e Rony namoram há três
meses e estão naquela fase melosa da relação.
- Isso é verdade - ele me deu um empurrão de
leve - Duds está te chamando na sala dela, algo em relação a um novato -
revirei os olhos com tédio.
- Qual é ela não sabe se virar sozinha? - Alby
riu segurando meus ombros
- Saber ela sabe só que você sabe cuidar melhor
disso sargento - ri fraco e segui para fora deixando Alby sozinho, passei pelo
gramado onde todos conversavam qualquer coisa. Quando cheguei a quadra dois, a
paisagem de um prédio velho de concreto e pintura gasta mudou para um prédio
com boa pintura, e uma única casa de madeira um pouco mais ao longe entrei no
prédio e subi até o último andar que era o andar das megeras quando cheguei ao
fim do corredor abri a porta sem bater e me deparei com um homem e uma mulher
ambos engomadinhos que se viraram para me encarar assim que fechei a porta
atrás de mim.
- Diga Duds - soltei continuando do lado da
porta
- Cecília, esses são o Sr. e a Sra. Bieber -
olhei para os velhos e pareciam até novos para serem os pais de alguém. Acenei
com a mão e eles apenas acenaram de volta.
- Aposto que não me chamou para fazer
apresentações formais - ela me encarou com o olhar do "depois
conversamos"
- Não, te chamei aqui para que você
levasse o filho deles para conhecer o lugar. O quarto dele é o 43 – quando
pensei em perguntar quem era o garoto um menino de cabelos castanho claro e
olhos dourados se movimentou no canto da sala, parecia inocente e um tanto
quanto frágil como uma criança no primeiro dia de aula. – Justin pode ir com a
Cecília, ela ira te mostrar tudo e garantir que conheça seus novos colegas de
maneira amigável – abri a porta e o garoto passou por ela sem olhar pra trás e
eu o segui, mas assim que fechei a porta ele parou me fazendo quase bater nele.
- Por que parou? – perguntei de maneira normal
- Você é a guia, você vai na frente – apenas
segui em sua frente, mas parei antes de dar cinco passos.
- Realmente quer conhecer tudo? Tipo parte
chata por parte chata? – ele olhou em volta analisando o lugar e rindo fraco
- Não
- Tudo bem, então te levo até seu quarto você
faz o que quiser e depois nós resolvemos o que fazer por ai – ele apenas
assentiu e seguimos em direção ao antigo prédio, pelo caminho algumas pessoas o
encaravam e cochichavam sobre o novo calouro. Chegamos ao andar do quarto 43
que era um abaixo do meu, abri a porta e o quarto estava vazio o que
significava que ele não teria colegas.
- Espero que não tenha medo de dormir sozinho
fedelho, pois você não terá colegas de quarto – ele olhava tudo, como se
estivesse escolhendo a casa onde morar.
- Se eu disser que tenho você dormiria aqui
comigo? – ele observava a janela quando me fez essa pergunta, e eu não sabia se
ia até ele e o arremessava pela mesma ou se ria.
- O que foi que disse? – foi a alternativa mais
sabia naquele momento.
- Se eu disser que tenho medo de dormir aqui
sozinho, você dormiria comigo? Sabe eu posso sentir medo às vezes – ele tinha
um sorriso lateral no rosto que mostrava que o garoto a minha frente não era
nada inocente e frágil, mas sim um cafajeste de primeira.
- Ouça bem o que vou lhe dizer – meu tom era
calmo, porém embargado com o controle em não soca-ló ali mesmo – Não sei que
tipo de garotas você conheceu lá fora, mas eu não sou uma delas, pelo
contrario, sou bem diferente. Em todos os anos que estive aqui nenhum garoto
idiota me tratou como achou conveniente, e você não vai ser o primeiro deles –
sem perceber eu havia me aproximado dele, de forma que sentia sua respiração –
Espero ter sido bem clara, por que não quero ter de mandar você para a enfermaria
logo na sua primeira semana – em um movimento tão rápido quanto a velocidade da
luz, ele segurou meu rosto e me beijou, seu hálito de menta invadindo minha
boca. O empurrei e quando ele sorriu fechei minha mão direita em punho e a
levei de encontro a seu rosto, ele perdeu o equilíbrio por um segundo e depois
de estar novamente estável massageou o rosto.
- Você é bem forte para uma garota – quando me
encarou percebi que sorria
- Espero que tenha entendido quem manda aqui,
ou até o fim de semana teremos alguém em coma na enfermaria – sai do quarto
batendo a porta e todos que estavam no corredor me olharam de olhos
arregalados, segui para a quadra sabendo de Alby estaria lá, enquanto me
dirigia para o lugar eu deixava minha mente se esvaziar. Afinal de contas, quem
esse garoto pensa que é?
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Tuts tuts tuts (luzes coloridas, fumaça de gelo seco, pessoas dançando)
Hey gente
Ta ai o primeiro capitulo que eu prometi pra vocês
Bom, antes de ir quero pedir algo... Conversem comigo, interajam, soltem o verbo, desembuchem, eu sei que hoje foi o primeiro dia e tals, mas já estou deixando isso avisadinho pra vocês por que sim u.u (Adoro pessoas que interajam comigo)
Enfim gente, é isso.
Tenham uma boa noite, e que a semana comece muuuuuuuito bem.
Live long and prosper
Beijos da Ké
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