Acordei em um pulo hoje, mas um pulo bom. Animado. Diferente dos
pulos de pesadelo. Eu estava feliz!
Desci as escadas, recebi um beijo estalado do meu maninho, e outro
da minha mãe. Tinha como meu dia ficar melhor? Não. Eu sei.
(...)
- Pudim – chamou-me. Sim, eu já tinha um novo apelido devido a...
ahn... acontecimentos recentes.
- Não me chama assim. – bufei e cruzei os braços.
- Não tem como você brigar comigo hoje. – disse Chaz balançando as
chaves do carro e erguendo as sobrancelhas.
- É só eu não ir o teste, ué. – menti. Até parece que eu ia
desistir do teste.
- E dizer para sua mãe que o trabalho de três meses atrás foi
cancelado?
Gelei.
- Ela não ia me deixar fazer o teste. – disse encolhendo os
ombros. – Ainda mais depois de eu ter sido expulsa da sala ontem.
- Uma mentira ou outra não faz mal a ninguém.
- Não foram uma. Foram duas. – disse me sentindo ainda mais
culpada.
- O quê?
- Eu não disse que fui expulsa da sala.
- Então se você não disse você omitiu a verdade. Tecnicamente,
isso não é uma mentira.
- Tem razão. – tentei parecer despreocupada, o que não deu certo.
Os lábios franzidos me denunciavam.
- Summer – passou o braço sobre meus ombros – foram só duas
mentiras inofensivas. Depois você conta a verdade.
- Pode ser. – sorri.
Ficamos andando em silêncio.
- Mas em que lugar você estacionou esse carro? – indaguei já
impaciente.
- Logo ali. – ele apontou para um...
- Fusca?! – ri fraco. – Sério?
- É. Melhor do que andar a pé.
Concordei com a cabeça e entrei no carro aconchegante. Não tinha
cheiro de novo, mas tinha um cheiro bom...
Coloquei o cinto de segurança e liguei o rádio em seguida. Uma
música desconhecida por mim estava tocando, era diferente de tudo que eu já
tinha ouvido. Mas quando digo diferente, não quero dizer algo bom. Era meio...
irritante.
Tirando isso, o trajeto até
a casa do “Justin” foi tranquilo. Essa cidade é pitoresca e apesar de tudo, simples.
Quando minha mãe disse que iríamos para uma cidade pequena do Canadá julguei
errado. Pensava que todas as pessoas se conheciam e que levavam torta para os
vizinhos novos. Santa imaginação, tsc tsc...
Mas eu queria a torta.
- Chegamos! – disse Chaz bagunçando meu rabo de cavalo que levei
tanto tempo para arrumar.
Tentei reparar o dano causado por ele.
- Summer, está bom. Vamos. – revirou os olhos castanhos.
Desci do carro e perdi o fôlego diante de tamanha beleza. A casa
que eu encarava mais parecia um castelo. Era bege clara, tinha um jardim que
estava totalmente florido. Era mais bonita do que a minha casa dos sonhos.
Ainda hipnotizada pela casa, Chaz me pegou pelo braço e me
arrastou até a garagem. Eu meio que despertei. A garagem era uma... garagem.
Apesar de estarmos no Canadá, aquela era uma típica garagem americana. Havia
tralhas e tralhas por todo lado e em um canto os instrumentos da banda (um
baixo, uma guitarra, um pedestal com microfone...), mais no centro estava duas
baterias com um punk já posicionado em uma delas e uma bancada improvisada de
três lugares para jurados, porém apenas dois lugares estavam preenchidos.
- Ta atrasado. – murmurou um garoto que usava topete. Óbvio que
não era só isso que dava para ver, mas com certeza era isso que mais chamava
atenção.
Além de seus olhos, que eram meio cor de mel e pareciam mudar de
cor de acordo com a luminosidade.
- É a aula... – Chaz ia dizendo, porém o garoto o interrompeu.
- Chaz nós não temos tanto tempo. Senta sua bunda gorda aí e vamos
começar.
- Boa sorte, pudim. – disse ele depositando um beijo na minha
bochecha.
- Não me chama assim. – disse baixo tentando parecer brava.
- Ok. Pode se sentar ali e esperar. – apontou uma fila de gente
que eu não tinha reparado. Esquisito. Também não tinha visto uma faixa enorme
que pendia de um lado ao outro da garagem escrito “Bem-Vindo e Boa Sorte!”.
Duplamente esquisito.
- Vamos Chaz. – disse o garoto revirando os olhos em seguida.
Sorri para Chaz e fui para o fim da fila. Assisti a primeira apresentação,
e concluí que aquilo ia demorar. Apenas uma bateria estava em uso, e ainda não
entendi o por que da outra. Enfim, sentei no estilo indiozinho e senti um frio
na barriga. Ansiedade quieta aí!
(...)
Justin narrando
- Próximo. – chamei sem
animação e me afundei na cadeira.
Já apareceu um garoto aqui que nem sabia segurar as baquetas. Já
estava farto dessas apresentações ruins.
Mais do que isso, já estava ficando com raiva. A minha única esperança
me fez montar uma bateria que dizia ser “especial” e nem sequer apareceu para o
teste.
Senti uma cotovelada.
- Porra Chaz! – massageei o local.
- Justin é ela! – disse animado.
Arrumei-me na cadeira. Esperava ver tudo, até mesmo a Oprah, só
não esperava ver alguém como ela. Quero
dizer, ela era uma menina que se vestia bem, estava maquiada, provavelmente com
as unhas feitas e o cabelo arrumadinho preso em um rabo de cavalo.
Meninas assim NÃO tocam bateria.
Antes que eu me pronunciasse, ela disse:
- Meu nome é Summer e eu vou tocar bateria para vocês. – sorriu
abertamente, embora parecesse um pouco nervosa.
Devagar ela tirou dois objetos brilhantes e rosas de dentro da
bota. De início eu não entendi o que era, e então ela começou a tocar. Eram
baquetas. Eram BAQUETAS CINTILANTES!
A tal de Summer me surpreendeu, ela se
transformou completamente. As suas mãos que pareciam tão frágeis, ficaram
firmes e fortes. O cabelo tão arrumado ia se soltando de acordo com os seus
movimentos. Ela tinha mais ritmo do que eu imaginava. Minha boca se abriu em um
perfeito “O”, enquanto o Chaz me olhava com cara de
“não-te-disse-que-ela-tocava-muito-bem?”. E, bem, ela tocava melhor do que
muitos meninos. Eu me perdi em pensamentos, mas
saí deles assim que ouvi uma batida fora do ritmo. E outra. E mais uma.
Não entendi que porra
estava acontecendo, já que a menina a poucos metros de mim não parava de tocar
e as batidas descompassadas não cessavam. Então compreendi tudo, ou melhor, vi
tudo.
Na outra bateria, uma
mais sofisticada, estava Zack. Ele batucava devagar, e ao que parecia não se
sentiu culpado por atrapalhar a apresentação de outra pessoa.
Não fiquei tão
aliviado de saber que ele tinha vindo e que eu não montei a bateria à toa.
Naquele momento isso não importava mais.
Observei Summer e
depois observei Zack. Parecia que um não notava a presença do outro, até que,
devagar, Summer parou de tocar e se virou um pouco irritada para o garoto
loiro.
Ferrou.
15 comentários
Oioioi! Tudo bem? Gente eu sei que eu sou nova aqui, e por ser nova eu quero MESMO saber se estão gostando. Espero que sim hehe. Por favor deixem nos comentários. Eu estive pensando... quem leu minha crônica aqui ? Vocês querem que eu poste periodicamente ou não? Me digam nos comentários!
Beijos
Audrey