15 de jan. de 2014

Casa da Árvore (one shot)

Eu estava tentando desesperadamente passar delineador no meu olho direito e sentia eu mesma ficar cansada. Era um detalhe mínimo, mas era o que eu precisava para me sentir bem. E eu não consegui. Ir àquela estúpida festa era algo que todos ansiavam o ano todo. Era algo que exigia o mínimo de bom senso e se arrumar.
Tudo o que eu pensava era como a saia de minha irmã parecia estar muito justa e o sutiã dava a impressão de que aquilo não era meu. E não era. Sabia que como nas outras vezes eu preferiria correr descalça do que dançar em uma multidão. Sabia que estava mais uma vez me espremendo em lugares que sei que não caibo.
A única parte boa dessa festa era Justin. Não a comida – já que diziam ter só bebidas. Eu gostava de Justin, gostava muito. E sabia que ele gostava de mim também. A gente sempre sabe. Aquela talvez seria noite que meus lábios iriam de encontro aos seus. Eu já conversava com Bieber, conversava todos os dias de madrugada. Eu sabia que teoricamente eu deveria estar sonhando naquela hora, mas na realidade eu estava vivendo meu sonho.
Um deles. É engraçado como às vezes nós pensamos que cada pessoa só pode ter um sonho, como ser cantor ou médico, mas a verdade é que temos um monte ao longo da nossa vida. Olhando para trás pode dar a sensação de abandono, mas no fundo mesmo é substituição e prioridades. Elas mudam e estão sempre mudando...
Depois de passar um lip balm eu desci as escadas da minha casa – as ouvi ranger. Fui de carro até o outro lado da cidade. Agradeci minha irmã que me levara e desci do carro. Lembrei a mim mesma que uma festa era uma noite, e que uma noite acabaria. E que nessa mesma noite incerta poderia acontecer o infinito – aquele espaço de tempo que ninguém sabe ao certo quanto dura.
Entrei na típica festa americana e notei os copos de cerveja na mão de muitos conhecidos meus. Vi Justin passar e o segui. Vi uma garota ruiva do seu lado, dançando. Em um momento eu não era mais eu mesma, era só uma observadora da minha vida. Vi em câmera lenta ele se aproximando dela, os braços magros e aparentemente frágeis enlaçando seu pescoço e finalmente acontecendo.
Naquela hora percebi que eu falei Justin muito alto. Só falei, como se nenhuma outra palavra fosse boa o suficiente para descrever o que eu sentia. E não era – “Justin” expressava todo meu primeiro amor, toda a amizade e todo o fim.
Lembro de ter saído correndo e de ter me escondido na casa da árvore depois. Era a minha casa da árvore: instável, perto das nuvens. Perto da minha infância e perto de mim mesma. Percebi o quanto chorava e o quanto me sentia patética por isso. Não é como se ele tivesse me traído, mas eu me sentia assim. Traição é uma coisa muito vaga. As pessoas que são traídas geralmente estão com compromisso assumido, mas o compromisso se dá mesmo ele sendo assumido ou não.  Me odiei um pouco por ter fugido como sempre e não confrontado o meu problema.
E odiei quando vi que Justin agora era um problema e não mais minha solução. Ouvi passos depois de uma ou duas horas que estive na casa da árvore. Depois vi que estava invadindo meu cubículo. E vi que era Justin invadindo o meu local como invadiu a mim mesma.
- Desculpa. – ele disse e eu não me senti aliviada. Ele demorou a vir aqui e ele sabia onde eu estava – Quero dizer, eu não sei direito o que fiz, mas desculpa.
- Você sabe o que fez... – falei baixinho – Você sabe o que fez. – falei dessa vez mais alto. – Você sabia que eu gostava de você e deixou que eu me fizesse de boba. Não teve a consideração de me dizer que não estava sintonizado na mesma estação do que eu... E droga, Justin.
- Eu... – ele passou a mão pelo cabelo loiro – Eu sinto muito. Mas eu gosto de você. Aquele beijo não significou nada.  – ele disse.
- Significou para mim. – olhei em seus olhos.
- Eu tenho necessidades.
- Eu também tenho. – falei – E a minha necessidade é que gostem de mim por igual. Me coloque em primeiro lugar como fiz tantas vezes.
- Você é especial para mim. Perdão.
Senti meu coração falhar. Há muitos momentos desses na vida, quando temos que fazer decisões, mas são poucos os que a gente percebe. Aquele momento era um. Eu sabia que se eu o quisesse eu o teria e sabia que se desse tchau seria um longo momento sem vê-lo. Eu sabia que se o aceitasse eu não seria a mesma de duas horas atrás, nunca mais.
- Eu te perdoo. – disse – E sou grata por você ter sido meu companheiro todo esse tempo. De verdade. Mas agora preciso de um tempo sozinha.
Ele assentiu, com o olhar meio distante e vi ele descer da árvore. Depois ouvi seus passos cada vez mais distantes.
Eu conseguia sentir a primeira rachadura no meu coração e como parecia que ele ia se rachar a meio. Doía mais que aqueles cortes que a gente faz enquanto cozinha. Ele fora o primeiro a machucar e por ser o primeiro acho que doía mais. E meu coração era mais frágil também.
É claro que eu gostava dele – não tem essa de “delete” quando se trata de sentimentos. E claro que eu estava me sentindo triste por ser tão fria – mas eu não estava inteira, eu não seria a mesma. Eu sabia que não. Eu precisava esperar que tudo se cicatrizasse e conhecer eu mesma depois de tudo para ver se a “eu de depois” ainda gostaria dele.
Pensei se não acreditei demais na Disney e que talvez eu sonhasse demais com alguém tão legal quanto os filmes mostram (não só os de princesa) – mas nunca devemos aceitar algo que está abaixo dos nossos valores. Mesmo que o futuro seja muito subjetivo e inesperado uma hora ele vem. Mesmo que essa pessoa não seja Justin, o meu primeiro, ainda há milhões de pessoas que carregam a felicidade.
 E eu não posso esperar para que tudo isso venha.
Não posso esperar mesmo, por isso vou atrás.

Estou sempre indo.
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Oi gente! Bom, isso foi um conto que escrevi ontem de madrugada, e bem, não foi algo que estamos acostumadas a ver em fics. Mesmo que eu escreva cenas de Justin sendo um lindo, ele ainda é humano e ainda erra. Sei que pode parecer bobeira, mas há milhões de pessoas no mundo que são legais e não são famosos que você ainda podem conhecer. Enfim, o 17º  capítulo de Drummer Girl já está vindo, enquanto isso comentem esse, vai. Quero saber a opinião de vocês. Os comentários do  16 eu respondo no outro cap. para não fugir dde fic hehe. 
- 7 comentários? 
Beijos, 
Audrey. 

9 comentários:

  1. Gostei muito espero que consiga ler mais destes .... er pode ñ ser sete comentarios mais o que importa é a intenção neé bjus :*

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  2. Amei *-*
    e não podemos nos prender pensando que as pessoas mais legais são famosas, pois existem muitas delas que não participam da fama.

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  3. Ai mds, eu chorei lendo isso talvez eu seja muito sensível '-' eu amei, amei mesmo! E espero que você poste mais contos como este <3

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  4. Awnn que lindo!!! Amei!! Continua logo tá e claro como sempre estou louco com o próximo cap. de drummer girl por favor!!!

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  5. Omg, que peerfeito ;) '

    - Victoria Marques

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  6. PERFEITINHO ... Podem divulgar: http://1djbiebs94.blogspot.pt/ é muito importante obrigada :)

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