24 de jan. de 2014

A ligação (one shot)

A garota recebeu a ligação de madrugada, quando ainda estava dormindo. Esses últimos dias estavam sendo difíceis para ela. Acordou desorientada, e quando entendeu que era o telefone, praguejou mentalmente. Primeiramente por causa do seu sono, depois porque ligação àquela hora só podia significar uma coisa: morte. 
Ela não estava preparada para atender, não. Ela não queria mais uma notícia ruim - ninguém nunca quer. Sabia que se ignorasse a ligação, iriam retornar e ela nunca escaparia do que quisessem dizer. Como um band-aid, era mais fácil tirar de uma vez - talvez até menos doloroso.
- Alô? - atendeu o telefone branco. Sua voz soara normal, mas só Deus sabia como ela estava nervosa. 
- Alô - uma voz grave respondeu. - Delegacia de Stratford. Você tem três minutos. 
Esperou por um momento, tendo a certeza de que era engano. De que o policial discara o número errado, de que era um engano. Se alguém houvesse morrido não teria o tempo de espera. 
- Alô... - ouvi sua voz rouca dizer. Meu coração parou por alguns segundos e percebi que estava prendendo a respiração. Aquela voz, aquela voz que me transportava para tantas memórias estava ali, no meio da madrugada comigo. Mas não nas circunstâncias certas. Nunca nas circunstâncias certas. - Oi, sou eu.
Ele não se identificou mas eu conhecia seu timbre, sua respiração.
- Eu sei que é você. - disse. 
- Desculpa te ligar a essa hora, mas... - ele limpou a garganta - Você é a única em quem posso confiar. 
Silêncio. 
- Seu tempo é curto. - falei com um nó na garganta.
- Eu estive dirigindo bêbado e... A polícia me pegou. - ele esperou um tempo, talvez para eu absorver as palavras, mas em instante descobri que era para ele próprio tomar coragem - Eu preciso de  dois mil dólares e quinhentos.
- Eu não tenho esse dinheiro. - afirmei. 
- Arruma, por favor. - seu tom era de súplica. - Só você pode me ajudar. Eu te pago depois, eu juro. 
- Não Justin, eu não posso. - falei e com pesar e antes que pudesse me impedir apertei o botão vermelho. 
Posso dizer que aquela foi uma das coisas mais difíceis que fiz na vida, mas foi completamente automático.
Sentei novamente na cama e fechei os olhos. Eu não estava completamente surpresa, sabia que uma hora ou outra ele iria se meter em uma dessas. Sabia pela cor desfigurada de seus olhos - vermelhos. Ouvia seu carro arrancar na rua de casa, de madrugada. Mesmo sabendo disso, eu não estava preparada.
Se eu arrumasse o dinheiro, eu iria ajudá-lo. Mas eu estive tentando ajudar todo esse tempo, falando para ele não andar com aquelas pessoas.
Olhei involuntariamente para minha caixa lilás. Era minha caixa de lembranças. Eu tinha fotos com ele e tinha muitas fotos dele que pedia a Pattie quando Justin não estava por perto. Lembro dela me olhar com uma cara estranha, como se não precisasse delas já que ficaríamos juntos por muito tempo. 
Justin foi meu primeiro amor - mesmo que nunca tivéssemos namorado de verdade. Há um tempo pensei que ele era meu "para sempre". Acredito fielmente que cada um tem o seu na Terra. Mas ele não foi. Para mim, o para sempre é um estado de espírito que mantinha duas pessoas em sincronia com os mesmos sentimentos, bem,  para sempre.
Quando ficou mais velho Justin decidiu me deixar. Não foi de uma hora para outra, foi aos poucos. Cada centímetro de distância doía mais do que eu poderia imaginar. Não éramos mais amigos, nem inimigos, apenas duas pessoas com lembranças em comum.
Não conseguia pensar na cadeia ou em como ele reagiria lá - ele saberia reagir? Ele sabia o quão injusto fora me ligar de madrugada enquanto eu ainda me importava? Ele faria tudo isso de novo? Conseguiria o dinheiro?
Uma parte de mim desejava que não. Há coisas que o dinheiro não paga. Há coisas que só serão aprendidas quando vividas e eu queria que ele aprendesse. Pode soar cruel, mas toda escolha tem consequências e é injusto o dinheiro conseguir fazer alguém se safar.
Olhei para o céu que já amanhecia. Era outro dia, era outro Justin. Estava me distanciando cada vez da imagem que tinha del na adolescência, e como covarde estava sempre voltando as minhas fotos e lembranças.
Esperava que ele saísse dessa e nos encontrássemos de novo - eu como uma arquiteta e ele como alguém do bem - que eu soube que sempre fora.
Esperava que tudo isso fosse uma tempestade de verão -  daquelas que passam rápido e deixam o sol brilhar.
Esperava que conseguisse dormir em paz de novo.
Mas novamente, não consegui.
Só queria dormir, para sair desse pesadelo. 
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Oi gente! É, isso está tão óbvio que nem tem necessidade minhas notas finais hehe. Eu quero saber a opinião de vocês (como sempre), sobre o conto e sobre a realidade. Ele me decepcionou, mas de ceta forma acho que já esperávamos isso... Não vou me prolongar aqui, então beijos!
- 6 comentários? 

Respondendo aos comentários do meu outro one shot (casa da árvore, clica aqui se não leu :*)...
Anônimo: Oi! Sério? Eu gosto de escrever esses one shots, mas pensava que ninguém gostava. Justamente por isso pensei que não ia ter 7 comentários nem ferrando hehe. Muito obrigada por ter comentado, você disse que o que valia era a intenção e a sua valeu 1000. Beijos!
Feer: Muito obrigada! Mesmo! :D
Kah Santos: Sério? Muito obrigada! :* 
Isadora: Poxa, muito obrigada! Sim, exatamente. Eu também penso assim hehe. Você captou a mensagem e sempre fico muito feliz de te ver comentando! (uma vez eu estava lendo Turma da Mônica, aí o Cebolinha falou para o Cascão: captou? Aí o Cascão: capotei! KKKKKK sempre lembro disso). 
SwagDaBelieber: Oi! Ai meu Deus, fico tão feliz lendo seus comentários! Sinta-se a vontade para sugerir melhoras. Ah, que nada! Talvez seja só o dia mesmo, já eu sou mais sensível que celular touchscreen hehe). :D 
Luciana: Lu! Oi! Sendo uma fofa como sempre, hein! Muito muito obrigada! Fico feliz de você ler o que escrevo e pode ter certeza que sou grata por isso. Beijos! 
Victoria Marques: Que sobrenome chique! Eu acho chique, por algum motivo. Muito obrigada! :D
JBiebs OneD: Belieber e Directioner? Ou só fã dos dois? Eu não sou directioner, mas ouvi o novo álbum e amei happily (fica na minha cabeça!). Diana então... Tentei entrar no seu blog, mas está com acesso negado :( Ah, muito obrigada! 
Imagine Belieber: Oi! Muito obrigada! Amo te ver comentando! 

Beijos,
Audrey.

8 comentários:

  1. Ahhh amo quando respondem os meus comentários. Eu que agradeço por você tomar seu tempo para escrever histórias que todas nós amamos!!! Continua logo tá linda!!

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  2. Oii, sei que é chato mas você poderia divulgar a minha ib? Irei lhe agradecer eternamente

    euacreditobieber.blogspot.com.br

    Obrigada anjo, que todos seus sonhos se realize...

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  3. Oii, sei que é chato mas você poderia divulgar a minha ib? Irei lhe agradecer eternamente

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    Obrigada anjo, que todos seus sonhos se realize...

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  4. Amo o blog... e maravilhoso e as fics tambem ... continua assim bjs

    DIVULGUEM PFF: http://1djbiebs94.blogspot.pt/

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  5. Eu amei <3 *vou falar da realidade* Eu fiquei sem chão, eu não sabia oque pensar, eu ja imaginava que isso fosse acontecer um dia, mas mesmo assim o choque foi inevitável. Tá ele errou e nós sabemos disso, ele sabe disso, mas eu achei completamente desnecessário passar o julgamento dele pra quem quisesse ver como se ele fosse um criminoso muito perigoso, como se tivesse matado alguém '-' ele errou mas idaí quem não erra? Não precisava de tudo aquilo! E no final o teor de álcool no sangue dele foi forjado, tinha bem menos doque aqueles polícias escrotos disseram :( Mas o importante é que agora ele tá "bem" e nós não abandonamos ele apesar de tudo :)

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  6. ahsahshahsa adorei a sua piada kkk.
    Eu me sinto muito bem sabendo que você gosta dos meus comentários.
    Amei a shot e acho que ela agiu certo.

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