A garota, Isabel, estava no trem de volta para sua cidade.
Canadá era grande, e apesar de sua nacionalidade canadense, não conseguia
considerar o país sua casa, pois ela ficava em uma parte muito insignificante. Quase
inexistente. Repassava a conversa que tivera com sua colega de quarto, há um
tempo: “Casa é diferente de lar”, afirmara Bruna.
Que diferença fazia? Isabel não tinha nenhum dos dois – ao menos
sentia isso. E isso era uma merda. Ao contrário de seus colegas de faculdade,
ela não ansiava pelas visitas a casa. Seus pais já se foram, e sua tia que
ficara com a guarda não se importava o suficiente com sua segurança. Talvez
porque amor de pai e mãe é insubstituível, ou porque sua tia nunca desejara ser
responsável por ninguém além dela mesma. De uma maneira esquisita, Isabel a
compreendia e foi essa uma das razões pela qual quis fazer faculdade em outra
cidade. Já seus poucos amigos, os de infância, mal falavam com ela. Seu ex
namorado, era ex tudo, e não ouvira notícias dele desde que terminaram. Estava
sozinha.
Tais pensamentos a faziam ter dor de cabeça. Dor de coração,
mas que nenhum cardiologista pudesse curar.
Dor, no mais amplo sentido da coisa.
Desembarcou suas malas e pegou um táxi. Havia poucos táxis
naquela cidade. Sentou-se no banco de trás, vendo as casas e memórias passarem
em um borrão. Desembarcou na casa creme, estilo colonial. Deu oi a sua tia
Olívia, contou um pouco de sua faculdade, mas nada além do que elas falavam ao
telefone. Percebeu os movimentos robóticos de Olívia – como sempre fazia quando
estava desconfortável – e decidiu sair. Fingiu não perceber o olhar de alívio
quando pegou o casaco e adentrou a noite.
Andou com passos lentos, porém precisos, até o pub que seus
amigos costumavam ficar. Onde todo mundo costumava ficar, na verdade. Era o único
lugar que tinha para pessoas jovens como eles. Depois de alguns minutos, entrou
no lugar amplo e de luzes amarelas.
Avistou depois de alguns segundos sua turma. John estava com
o cabelo maior, no estilo mais hipster que já vira na vida. Greg estava com uma
barbicha engraçada, que de alguma forma complementava seu sorriso brilhante. Amanda
estava com o cabelo loiro em um corte médio. Riam.
Aproximou-se lentamente.
- Oi. – sussurrou, na tentativa falha de soar animada.
Estava animada, mas havia algo incômodo em seu estômago.
Os três olharam e arquearam as sobrancelhas, em sincronia.
Abriram sorrisos e a abraçaram, de leve. Não eram abraços apertados. Ela não
sentia calor neles. Relevou e se sentou do lado de John.
Depois de muito papo furado e perguntas genéricas, entre uma
piada sem graça e outra pior ainda, Amanda e Greg se beijaram. Isabel processou
a informação, vasculhou seu cérebro, mas aquilo era de fato uma novidade.
- Vocês estão juntos há quanto tempo? – perguntou.
- Há um mês. – responderam sorrindo.
- Vocês não me contaram isso. – falou, e percebeu o
ressentimento claro em sua voz.
Os três se entreolharam.
- Você parecia ocupada demais com a faculdade. – falou Greg
cauteloso.
- Vocês nem tentaram me ligar!
- Você também não tentou ligar para a gente! – acusou John.
- Porque se vocês tivessem sentido minha falta, vocês
ligariam para mim. – percebeu que as lágrimas estava vindo. Como um tsunami.
- Digo o mesmo. – Amanda disse.
Um silêncio devastador se instalou naquela mesa. No
silêncio, ela entendeu muita coisa. Talvez ela não fizesse falta. E talvez eles
não faziam falta para ela também. Nunca conseguiria trocar olhares com tamanha
cumplicidade como eles faziam – e era isso que a incomodava. Ali não era seu
lugar. Isabel ficava com eles porque eles ficavam com ela. Ali nunca fora seu
lugar.
Se levantou, em silêncio, e foi embora. No meio do caminho
lágrimas caíam solitárias. Porque apesar de tudo, doía não fazer parte lugar
nenhum.
Por um segundo, considerou a possibilidade de voltar para
casa. Mas se sua tia não conseguia lidar com ela de bom humor, nunca
conseguiria suportar uma adolescente em lágrimas.
Andou sem rumo por um tempo, até parar em frente a casa de
seu ex namorado. Bateu a porta, devagar. Esperava que não tivesse ninguém.
Segundos depois, ele abriu a porta. A visão de Isabel estava
embaçada, mas ela ainda podia ver o semblante confuso do garoto loiro a sua
frente.
- Justin. – ela sussurrou e antes que pudesse se controlar,
avançou em sua direção, o abraçando.
Justin permaneceu em silêncio, passando a mão em suas costas
de vez em quando enquanto ela chorava. Depois de algum tempo, conseguiu se
controlar.
- Que ir para o quintal? – perguntou.
- Sim.
Lá explicou toda a situação para ele, que apenas balançava a
cabeça em afirmativa. Ele a compreendia, mesmo quando o mundo parecia estar
contra ela.
Em um movimento mal calculado, os dois ficaram muito próximos.
A respiração se transformando em uma. Os lábios se tocaram e o sabor das
lágrimas desaparecia aos poucos. Não sentia nada arder enquanto o beijava.
Não era como no começo de sua adolescência. O coração já não
acelerava tanto. Mas era bom. Era familiar e tudo o que ela queria era um pouco
de familiaridade no mundo. Um lugar, um alguém para se esconder no mundo.
Não conseguia ver um lugar que os dois poderiam estar juntos.
Mas, por agora, parecia certo.
- Pensei que fôssemos um erro.
Ela pensou por um instante. Somos um erro, um defeito do
universo.
- Somos o melhor erro que existe.
Feer: Obrigada, Fer! Que bom que você gostou, sério, sua opinião é bem importante para mim!
Fc Beliebers: Sério? Fique sempre a vontade para comentar, e que bom que você gostou! Ah, e sobre seu blog, no começo pode ser difícil, mas não desista! Só não sigo porque sou moderadora desse blog e não dona... Pretendo passar lá assim que tiver tempo. Beijos e boa sorte!
Bruna: Oi! Mesmo? Muito obrigada por comentar!
Gaby: Ai, meu coração tá dando pulinhos de felicidade! Obrigada por comentar. Beijos!
Patrícia: Obrigada! Beijos!
Lu: Own, digo o mesmo Lu! Você é uma fofa, e não sabe o quanto fico feliz de te ver comentando (e positivamente!). Tentarei postar com mais frequência. Beijos!
Victória: Ah, obrigada! :D
Nathalia Patrick: AH MENTIRA! MENTIRAAAA! Não acredito que você é de Taubaté-SP, eu também sou! Espero que leia isso um dia hehe. Que estranho encontrar alguém da minha cidade aqui!
Isadora: Sério? Nossa, isso significa muito para mim! Muito obrigada por comentar. Beijos!
Beijos,
Audrey.
Ahhhhh vc voltou flor a quanto tempo heim tava morrendo de saudades. Com vc ta linda? Manda noticias ta bom.....agora sobre esse one shot ta PERFEITOOOOO Eu achei lindoo vai continuar neh??!! Bjus e nao some ta!
ResponderExcluirDo you have a spam problem on this website; I
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Saudades linda,q bom q vc voltou t mt feliz mesmo.continua
ResponderExcluirQue emocionante !! Parece que cada vez vc está escrevendo melhor , parabéns !!
ResponderExcluirBjinhos / gaby
AAAAHHHHHH QUE EMOÇÃO!!! NAO ACREDITO!! É muito dificil MESMO achar alguem que more aqui! Cara, que legal!!
ResponderExcluirEu AMEI esse one shot, alias eu amo tudo o que voce escreve!!
Menina, voce tem face? Me add la depois!
Beeijos sua linda, e escreve sempre viu? <3