Estávamos próximos da sala de Matemática.
- O que você vai fazer? – perguntei, olhando para os lados,
mesmo tendo a certeza de que não havia ninguém além de nós dois.
- Não sei ainda. – ele deu e ombros.
Adentramos a sala, e eu parei e olhei ao meu redor. Aquela sala
parecia tão normal agora, mas de manhã era a pior coisa que existia. Havia as
paredes de cor creme, quase que inteiramente vazias, tirando alguns pôsteres de
campanhas estudantis. As carteiras eram posicionadas como de costume. Justin
começou a abrir as gavetas da larga mesa do professor, tirando calculadoras e
réguas.
- Ele não tem nada de interessante. – ele disse frustrado. –
Talvez devêssemos deixar isso para lá.
- Tem uma gaveta que você não abriu. – eu disse, observando
o trinco que apenas ela possuía.
- Interessante. – Justin observou, chegando mais perto e
tentando abrir. Mas obviamente estava trancada. O velho estava velho, mas não
caduca.
- Podemos conseguir essa chave na secretária. – ele falou e
então era para lá que estávamos indo.
Chegamos até a porta e entramos. Estava destrancada, também.
Creio que eles não trancavam porque não havia nada para roubar na escola.
Amadores. A secretária era um amontoado de papéis e um cinza nas paredes que
deixava o lugar realmente desanimador.
As tiazinhas que trabalhavam aqui eram gordas e nem todas
simpáticas. Justin revirou as gavetas a procura de alguma coisa.
Vi em um dos computadores velhos que lá tinha um facebook
aberto, mas não fiz nada a respeito. Elas nunca fizeram nada para mim, de
qualquer forma. Enquanto Justin procurava a chave, observei planilhas sobre o
baile e supostas sugestões de convite e uma banda confirmada. Isso me arrebatou. Aquilo, aquilo que eu
odiava, estava acabando. Eu tinha que escolher meu curso da faculdade, mas não
era tão simples.
Justin remexeu nas gavetas até ver o chaveiro perto de um
armário. Ele pegou sem hesitar chave que tinha a etiqueta indicando nosso
professor. Justin guardou no bolso do seu jeans:
- Vamos?
Assenti, então ele saiu da sala. Olhei para a mesa repleta de papéis e planejamentos mais uma vez. Meu coração palpitou umas tês vezes, então tomei a decisão e peguei o telefone. Dessa vez não para tentar escapar. Segurei minha respiração o máximo que pude enquanto falava. Sorri satisfeita - e aliviada - quando a chamada terminou. Talvez eu tivera feito a escolha errada - mas estava tudo bem, porque isso faria pessoas felizes. E se faz, que mal tem?
Saí da sala e tentei manter minha expressão neutra. Justin estava escorado em um dos armários, brincando com a chave em seus dedos.
- Por que demorou? - ele indagou, mas não havia traço de acusação em sua voz, apenas curiosidade.
- Banheiro. - respondi automaticamente - Meninas não podem fazer xixi em qualquer lugar. - fiz uma careta. Era pela mentira de que eu contara, mas também pela verdade. Justin riu e eu também. Gostava da risada dele.
- Seu vocabulário é parecido com o de criança. - ele disse, mas não havia maldade.
- É por causa do meu irmão. - dei de ombros - Quero me vingar de uma pessoa. - ele arqueou as sobrancelhas - É de uma professora que uma vez expulsou Chaz por ele dançar funk carioca em cima da mesa.
Ele riu, acho que provavelmente imaginando a cena. Seguimos para o outro lado do corredor, sabendo que estávamos seguindo para a sala de História.
Joguei minha mochila em cima da mesa e peguei minha caneta permanente - aquela que eu sempre neguei ter. As pessoas têm um amor incondicional por canetas permanentes. Mas nunca compram uma. Será que que é assim com o amor? As pessoas amam observar o de outras pessoas, mas nunca procuram um para si próprias.
Olhei para o quadro verde e pensei no que escrever. Ficaria marcado para sempre. Sorri.
"FUNK YOU!".
Chaz iria pirar quando visse. Justin me olhou com o cenho quase que unido.
- Essa é sua vingança? - ele estava descrente? Ri e percebi que ele sorria também. Saímos de lá até que depressa, porque eu odiava a história exposta nas paredes.
- Minha mãe provavelmente falaria que estamos sendo ridículos. - falei nos corredores - Que estamos vivendo de passado. Mas essa professora nos provou que é possível fazer isso. - sorri e Justin riu baixo.
- Sabe uma coisa que sempre quis fazer? - perguntei e ele negou com a cabeça.
Saí correndo, como se dissesse a resposta ali mesmo. Demorou alguns segundos até que Justin estivesse do meu lado.
- No way. - sussurrei, fazendo referência a ele me passar. Cheguei com uma diferença de segundos a porta da sala de música, a qual era a última daquele espaço. Estava ofegante e mais uma vez me odiei por ser tão gorda e sedentária.
Justin estava com as bochechas pouca coisa coradas, mas com a respiração regulada. Mais uma vez, gorda.
- Você não quer se vingar da Eleanor, quer? - ele perguntou ao ver que estava ainda parada. Eu estar parada em frente a sala de música não quer dizer vingança, e sim que EU SOU UMA GORDA.
- Não. - sorri com patética hipótese. Então testei ver se a porta estava trancada. Estava aberta. Acho que essa sala seria uma das poucas a qual eu trancaria. Instrumentos custam caro.
- Mas música não tem valor - pensei na voz de Eleanor na minha cabeça. Ela falaria isso, com certeza. Ela era do tipo de pessoa que recusaria trancas naquelas portas. Ainda bem.
A atmosfera daquela sala era diferente. Gostava daquilo.
Justin passou por mim e fechou a porta. Observávamos os instrumentos ao redor da sala. O silêncio que nela era tocado. Sentei-me no chão e coloquei a bolsa sobre meu colo.
Apalpei os bolsos - coisa que costumava fazer e senti a agenda. A agenda de Justin.
Era uma coisa que pertencia a ele, eu tinha que devolver. Entretanto fui consumida pelo medo. Como ele reagiria? Eu gostei de como Justin agira comigo nessa tarde - que ainda está começando. Era o que ele deveria ser, acho. Posso compreendê-lo e ser amiga dele. Não quero que isso seja quebrado agora. Sei que a amizade era nova, estava se moldando e sensível. Mas não poderia ser quebrada.
Lembro de quando li as músicas e tentei procurar mais tarde. Não existiam, de fato. E isso me deixava... Me sentindo bem, talvez.
- Justin, eu gosto da banda. - falei de súbito. Porque era verdade e porque eu gostaria que ele soubesse.
- Eu também, Summer. - ele falou, distraído com uma guitarra perto dele. Guitarra bonita, de acabamento amadeirado.
- Eu me importo com ela. - falei e ele não respondeu, apenas meneou a cabeça em afirmativa.
- Estou com seu caderno - prossegui - Acho que você compõe bem.
Ele se virou para mim, como se tivesse acordado de algum transe.
- O quê?
----
Oi gente! Como vocês são lindas, comentando tão depressa. Isso me surpreendeu, amei! Nenhuma novidade, mas segunda começam minas aulas. Báh, a do meu amigo começa só dia 17. DIA DEZESSETE! Muito troll a escola dele.
- 09 comentários?
Respondendo aos comentários:
Anônimo: Sério? Poxa, muito obrigada! Espero que tenha gostado desse! Beijos!
Duda: Oi Duda! Tudo bem? SAPECUDOS?! KKKKKKKKKKK Nunca tinha ouvido essa antes. De verdade, eu ri! Beijos!
Melany: Que diferente seu nome! Eu tenho uma personagem de outra fic que tem quase o mesmo nome que você, mas... Acho que você não iria gostar dela hehe. Seu apelido é Mel? Amo esse apelido em outras pessoas!
Isadora: Obrigada! :D
Lu (que sou vip e quase me fez chorar lendo o comentário): Muito obrigada, lu. De verdade. Eu que agradeço. Sem o apoio de vocês eu já teria parado, talvez. E isso é o que me faz feliz, de qualquer jeito... Sou grata por poder "gastar" esse tempo com vocês. E eu que sou grata por ter vocês como leitora e você, também tem sido muito gentil. Obrigada! Também sou louca para te conhecer, choraria um monte! E obrigada por ser uma fofa sempre! Espero não parar mesmo...
Carol: KKKKKK Que bom que você gostou! Eu?! Imagina ;) (às vezes acho que não sei fazer isso direito, de manter a expectativa... Mas escrever é uma coisa que eu amo, então...). Obrigada por comentar Carol, fico feliz. :D
Carla: Obrigada! ;)
Anônimo: Isso realmente me alegrou! Obrigada! E obrigada por comentar!
Gaby: Ah, obrigada! Hehe. Beijos!
Sheila: Oi! Oba! :D
Michele: Poxa, muito obrigada! Beijos!
BelieberSwag: Muito obrigada! :D
Beijos,
Audrey.