QUASE UM DÉJÀ VU - PARTE I
*Cinco
dias depois.
Cher
P.O.V.
Toquei a campainha umas três vezes
e ninguém atendeu. Na quarta tocada Anne apareceu e vestia apenas uma blusa
social com suas pernas de fora. Olhei-a de cima a baixo e soltei um sorrisinho
debochado. James estava comigo e eu sabia que ele como homem olharia
descaradamente. Anne me olhou sem expressão e apenas sobressaltou a sobrancelha
esquerda, mas logo que avistou James atrás de mim sorriu descaradamente. Antes
que eu metesse um soco que quebrasse aqueles dentinhos brancos, eu entrei na
casa.
Depois de um dia e meio Chris teve
alta e veio para sua casa, mas eu não pude fazer nenhuma visita por causa dos
meus negócios que precisaram da minha máxima atenção. Mesmo assim sempre que
dava tempo eu mandava uma mensagem ou até mesmo ligava para perguntar como ele
estava e como estava a recuperação. Por sorte o tiro não atingiu nada que
complicasse e ficasse grave. Eu não estendia nada de medicina e só entendia o
que via nos filmes, quando o médio deu o diagnóstico de Chris no hospital foi
como falar em chinês comigo e eu somente pedi para vê-lo. Subi a escada
principal até o segundo andar da casa que era mais sofisticado e fui
diretamente ao quarto que Chris que eu sabia exatamente onde era. Dei duas
batidas na porta e escutei um “entra” lá de dentro.
- Como vai esse homem furado? –
disse apenas colocando a cabeça dentro do quarto.
- Cher! – ele tentou levantar para
me receber, mas voltou para a cama com feição de dor.
- Não se esforce, por favor. –
entrei no quarto fechando a porta e me sentando ao seu lado. O ar-condicionado
estava ligado no mais frio possível. – Não está tão calor assim para o ar estar
nesse grau.
- Anne me encheu de cobertas e eu
não conseguia me livrar delas, o controle estava aqui e eu aumentei o ar. –
sorri.
- E como você está? – perguntei
pegando na sua mão.
- Melhor. Quer dizer levando em
consideração que eu odeio ficar deitado debilitado a várias coisas, mas recebo
vários mimos de Anne e Charlote, isso é bom. – Charlote era a empregada mais
doce do mundo. – É bom receber esses mimos de vez enquanto.
- Um menino carente de mimos. – dei
leves gargalhadas. – Irá ter um racha domingo no Galho Quebrado, acho que vou
dar uma passada lá.
- Eu também vou, mas não vou poder
competir por sorte sua. Você vai ter uma chance de ganhar. – ele riu.
- Mesmo com um furo no corpo quer
fazer piadinhas. E você não vai ao Galho Quebrado domingo.
- Só porque você quer. Eu já disse
que vou.
- E eu estou dizendo que você não
vai. – rebati me aproximando sem perceber.
- Cherry, eu vou. – disse
autoritário.
- Já disse que não vai. – me
aproximei ainda mais por puro instinto de peitar.
- Se você se aproximar mais vou ser
obrigado a te beijar. – pisquei.
- Não seria louco a esse ponto
Chris.
- Quer que eu prove minha queria
Cher. – ele se aproximou.
- Tente e eu desço a mão nesse
curativo. – sorri e me afastei.
- Você tem sorte que eu não faço o
tipo masoquista. Mas escreva o que estou dizendo ainda vou te beijar. Agora
pode descer e preparar um lanchinho? Estou com fome. – sorriu descaradamente.
- Acho que ninguém te mima você que
é um aproveitador abusado, mas como estou de bom humor e também com fome eu
vou. – levantei da cama e sai do quarto.
Desci a escada e me direcionei para
a direita seguindo o corredor e cheguei à cozinha. Lá dentro estavam James e
Anne que ria como uma um pato engasgado. Passei reto por eles indo até a
geladeira e pegando algumas coisas para fazer um sanduíche como queijo e
presunto. Peguei o suco na jarra e torrada, para acompanha-la peguei geleia de
amora e amendoim. Coloquei tudo em cima do balcão do lado contrario deles
ficando de frente a eles. Comecei a fazer meus sanduíches e eles não falaram
mais nada e isso me fez olha-los.
- Algum problema? – perguntei
tediosamente.
- Está fazendo para quem? – me
respondeu com outra pergunta James.
- Para mim e Chris. – respondi
voltando a fazer os sanduíches. Jurei ter ouvido um som de desagrado de James,
mas preferir deixar de lado. Eles voltaram a conversar, mas dessa vez de um
assunto aleatório e arrastado.
Passei as geleias nas torradas e
peguei dois copos grandes no armário e servi um pouco do suco bebendo em
seguida, era suco de uva. Coloquei dessa vez nos dois servindo até em cima.
Peguei uma bandeja e coloquei os pratos com sanduíches e torradas e depois
coloquei os copos. Iria guardar tudo na geladeira, mas decidi perguntar se
James queria algo.
- Não. – ele disse somente.
- Faz um sanduíche para mim. – Anne
pediu descaradamente. Olhei-a.
- Você tem duas mãos e dois pés,
agradeça a Deus e faça você mesma. – disse curta e grossa. Ficou um silêncio de
cerca de dois minutos enquanto eu guardava as coisas. Voltei para pegar a
bandeja e levar até Chris, mas Anne decidiu abrir a boca novamente.
- Cherry eu sei que vacilei no
passado, mas…
- Mas? – interrompi antes que ela
começasse um discurso. – Não tem “mas” Anne. Eu poderia ter morrido e ai o que
você ia fazer? Se não fosse James que corresse todos os riscos para poder me
ajudar a fugir. Você além de colocar a mim em risco colocou seu próprio amigo.
– disse alterada.
- Eu não fiz por querer…
- Mas foi um “não querer” que
mataria até James. Como você ficaria se ele tivesse morrido? – ela abaixou a
cabeça. – Aposto que nenhum pouco bem. Então não se ache no direito que falar
comigo como se eu fosse uma das suas amiguinhas daquele puteiro da onde você
veio. – sabia que falar isso a tirava do sério e eu fazia de propósito.
- Ótimo! – ela levantou e saiu da
cozinha.
- Não precisava falar isso. –
escutei James falar, mas não o olhei.
- Não precisava um monte de coisas
James. Não precisava ela ter me traído a mim e a você, não precisava você
continuar a falar com ela. Não precisava Chris levar um tiro e principalmente
não precisava eu ter confiado e conhecido ela. – olhei-o e sai da cozinha com a
bandeja levando para Chris.
*Domingo.
Durante toda a semana James dormiu
na minha casa, todas as noites ele queria esquentar a cama. Eu não sabia que
ele era viciado em sexo assim. Quase todas as noites eu correspondi, mas às
vezes eu estava cansada, ficava acordada ate tarde no escritório e James sempre
ia me buscar quando caía no sono sem perceber. Acordava na minha macia cama com
um pijama de flanela e James abraçado ao meu corpo. Até agora estava indo tudo
bem no nosso relacionamento. As coisas estavam fluindo naturalmente e eu estava
gostando do rumo que isso estava tomando. Cada dia eu sentia algo a mais por
James e ele a cada dia me tratava ainda melhor.
O que mudou, ou melhor, quem mudou,
foi Katrinna. Principalmente quando estava com James, ela ficava um tanto
ignorante e esnobe. Cada vez mais eu percebia o quanto ela gostava de James e
começava a ficar insuportável, eu sentia o ciúme dela e a raiva que ela sentia
por querer estar no meu lugar. Eu até poderia tentar conversar com ela, mas o
que eu diria? Como iria chegar nela e falar “não precisar ter ciúme do meu
namorado, a culpa não é minha se ele gosta de mim e não de você”? Além de que
ela é minha amiga eu não poderia simplesmente chegar e dizer qualquer coisa. Na
maioria das vezes eu tentava não ficar muito próximo de James quando ela
estava. James não concordava muito com minha atitude, ele achava que ela tinha
que aceitar e ponto. Mas eu não queria confusão com minha amiga por causa de
homem. Eu tentei o fazer conversar com ela, mas chegamos à conclusão que James
também não poderia falar com ela.
Estava me arrumando para a noite de
pegas no Galho Quebrado. Tinha colocado um jeans escuro e uma blusa vermelha.
Não coloquei nenhuma jaqueta já que iria de carro com James. Se fosse uma
semana antes eu teria ido de moto. Coloquei um salto que estava praticamente
novo pela falta de uso – prefiro coturnos, botas ou tênis. Enrolei o cabelo com
babyliss e fiz um leve olho preto e fechei com um batom claro.
- Toda essa produção é para quem,
posso saber? – virei e vi James parado na porta do quarto que ultimamente tem
sido nosso. Sorri sem saber o que dizer exatamente.
- É para um cara ai. – disse depois
de um tempo.
- Ele é muito sortudo, se me
permite dizer. – ele veio até mim tirando meu cabelo do pescoço e beijando ali.
- Sabe quem é ele? – disse me
virando para ele.
- Quem? – perguntou aproximando sua
boca da minha.
- James Russo. Conhece? – passei os
braços em volta do pescoço dele e ele abraçou minha cintura.
- Conheço um cara de sorte quando
vejo um, mas nesse caso eu sou esse cara. – sorri e beijei ele e como todas as
vezes parecia que era a primeira. Eu sempre sentia aquele frio na barriga. Era
um dos fatos de eu amar beija-lo.
- Melhor irmos.
- Por quê? Podemos fazer nossa
festa aqui mesmo, sem problemas. Não me incomodo.
- Oferta tentadora, de verdade. Mas
eu realmente quero um pouco de ação. – disse me afastando e indo até a porta.
- Está dizendo que eu te dou sono,
que não sou bom no que faço? – homens...
- Não James, você não me da sono…
só de vez enquanto. E não é ruim no que faz ok? – sem que eu esperasse me
prensou na parede do corredor.
- O que você disse?
- Que não é ruim. – repeti.
- Mas também não disse que sou bom,
e eu quero escutar que sou ótimo. Sou espetacular. Que sou o melhor. –
sussurrou no meu ouvido. Confesso que aqui me excitou pra caralho.
- Mas quem disse que você é? –
brinquei com a onça com vara curta.
- Como é que é? – ele pegou meu
copo colocando minhas pernas envoltas do seu quadril. O impacto das minhas
costas na parede doeu bastante. Dei uma tapa na cara dele.
- Machucou minhas costas, ogro! –
ele sorriu tinhoso.
- Como se você não gostasse de uma brutalidade
e uma porradaria na cama Cher. – sussurrou e mordeu o lombo da minha orelha.
Suspirei controlando o gemido que começara a subir na minha garganta.
- Coloque-me no chão James. Agora
não é hora para isso. – disse rindo. Ele me desencostou da parede e desceu
comigo em seu colo. Quando cheguei à escada eu pedi para que ele me descesse de
seu colo, pois tinha medo dele me deixar cair. – James, por favor.
- Olhe para mim Cher. – ele pediu e
eu assim fiz. James pegou com uma das mãos meu pescoço e trouxe-o para perto de
seu rosto e depois beijou meus lábios. Levei minhas mãos para seu cabelo
fazendo um carinho ali. Não me controlava quando seus lábios estavam nos meus,
podia estar em qualquer situação que fosse eu sempre me deixava levar me
esquecendo do mundo ao meu redor. O cabelo de James era até o pescoço e era
macio e sedoso. Tinha um cheiro que até hoje não consigo decifrar, apenas sei
dizer que é bom e que reconheceria em qualquer lugar no mundo. – Prontinho. –
ele disse me colocando no banco do carona no carro. – De nada. – ele disse
assim que percebeu que eu olhava sem entender como cheguei ali. Deu-me um
selinho e deu a volta no carro sentando no banco do motorista. Girou a chave no
carro e ele deu a típica tremida.
- Juízo crianças! – pude escutar
Dorotéia gritar.
A musica nas caixas de som estava
no último volume, tocava um remix de “We Can’t Stop – Miley Cyrus”. Por
instinto comecei a cantar assim que sai do carro. Ele foi rodeado por pessoas
que cumprimentavam a mim e a James. Cumprimentei a maioria deles e sorri para
outros. Quando enfim sai da multidão que se formou avistei Katrinna e Alanna
que dançavam descontroladamente, no mínimo elas estavam levemente alteradas com
álcool. Logo atrás delas estavam Chris e Anne encostados no capô de um carro.
Chris como sempre um teimoso que não aguenta ouvir um não ou ser contrariado.
Passei pelas meninas indo até Chris que me olhava com um sorriso idiota no
rosto, ele também bebeu.
- Não vou nem dizer que estou
chateada com você Chris. E você. – me referi a Anne. – Como pode trazer ele e
ainda deixa-lo beber? Ele está tomando antibiótico, sua doente. – praticamente
gritei querendo meter a mão na fuça dela.
- Cher não briga com ela não, eu
fugi de casa. Ela não teve escolha a não ser vir atrás de mim, mas quando ela
chegou, eu já tinha tomado uma garrafa de vodca e fumado. – ele dizia com uma
voz de criança inocente e fazendo feição de coitadinho.
- Chris, cale a boca. – o problema
de quando ele bebê e fica bêbado ele meio que ‘’perde’’ a maldade das coisas.
Mas na verdade ele fica lesado mesmo.
Depois de um tempo fui dançar com
as garotas, Anne nos acompanhou também e dessa vez decidi não implicar e apenas
deixa-la ficar conosco. Certas horas eu até dançava com ela apenas me deixando
levar, apenas porque estava feliz. Katrinna estava – pelo incrível que pareça –
sóbria, mas o mesmo não podia dizer de Alanna que estava praticamente dando pro
primeiro que aparecesse e dissesse algo meia boca para levar para cama.
Na medida do possível eu a manteria
nos meus olhos, mas eu não iria ficar sendo babá dela a noite toda. Alanna é
maior de idade e uma mulher formada, sabe o que está fazendo – ou não.
Senti um par de mãos na minha
cintura me puxando para trás fazendo bater em um corpo masculino. Pensando que
era James deixei que as mãos passeassem em volta do meu corpo e me permitindo
rebolar e fazer danças ousadas. Quando enfim vi James conversando com Chris de
costas para mim do outro lado do Galho Quebrado meu corpo simplesmente
paralisou. Virei meu corpo e dei de cara com os olhos castanhos muito bem
conhecidos por mim nesses últimos dias.
Continua..
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Vocês realmente gostam a fanfic?
- Dricka.
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